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Chineses pedem boicote a produtos de EUA e Filipinas por conflito marítimo

20/07/2016 12h17

Pequim, 20 jul (EFE).- Manifestantes foram às ruas de várias cidades chinesas nos últimos dias para exigir um boicote a produtos dos Estados Unidos e das Filipinas, depois de o Tribunal Internacional de Justiça (TIJ), em Haia, ter decidido a favor de Manila em uma disputa com Pequim pela soberania no Mar do Sul da China, informou nesta quarta-feira o jornal local "Global Times".

Os protestos ocorreram em pelo menos 12 cidades chinesas, entre elas as capitais das províncias de Changsha, Hangzhou, Yangzhou e Quinghuangdao. Vários dos atos foram realizados em frente às lojas da rede americana de fast food KFC, onde os manifestantes pediam que as pessoas demonstrassem seu "patriotismo" não comprando produtos procedentes dos EUA ou das Filipinas.

Em alguns casos, os pedidos de boicote se estendiam a outros países, como Japão e Coreia do Sul, menos envolvidos no conflito do Mar do Sul da China, mas que se aproximaram dos EUA no plano militar. No caso sul-coreano, por exemplo, a crítica é ao projeto de criação de um escudo antimísseis, muito questionado pela China.

Os protestos ocorreram uma semana depois que a Corte Permanente de Arbitragem (CPA) de Haia decidisse a favor das Filipinas no conflito sobre o Mar do Sul da China, ao ressaltar que as ilhas reivindicadas por Pequim não podem ser incluídas no território do país. Além disso, as águas adjacentes a elas também não podem ser tratadas como zonas exclusivas chinesas.

O governo da China considera a decisão ilegal e inválida, afirmando que seguirá suas atividades nas ilhas disputadas, que incluem a construção de infraestruturas tais como aeroportos, de uso tanto civil como militar.

Os EUA são acusados pela China de tentar mediar o conflito em favor das Filipinas, Vietnã e outros países da região com reivindicações sobre o Mar da China Meridional, o que explica que os manifestantes tenham pedido o boicote a marcas norte-americanas.

Apesar de os protestos terem como objetivo apoiar a posição do governo, as autoridades policiais e a imprensa oficial pediram que as manifestações "ilegais" sejam interrompidas. Além disso, solicitaram que os cidadãos exerçam um "patriotismo racional".

"O patriotismo é positivo, mas não estenda sua ira em seu próprio território", afirmou o Departamento de Segurança Pública de Siyang, cidade no leste do país, em sua conta oficial no Weibo, rede social chamada de "Twitter chinês".

A derrota da China nos tribunal internacional gerou um grande sentimento nacionalista em redes sociais. Mas não é a primeira vez que esse tipo de movimento eclode nas redes sociais do país.

Em 2012, atos similares foram realizados contra empresas e interesses japoneses em território chinês, por causa da nacionalização de várias ilhas do arquipélago Diayou/Senkaku, nas águas do Mar da China Oriental, reivindicadas por ambos os países. EFE

abc/lvl