América Latina prevê recuperação econômica após 2016 obscuro
Diana Marcela Tinjacá.
Bogotá, 20 dez (EFE).- A queda dos preços das matérias-primas e as crises de Venezuela e Brasil marcaram um ano negativo para a América Latina, que espera uma recuperação em 2017, apesar do entorno global incerto por possíveis medidas protecionistas dos Estados Unidos, a desaceleração da China e a lenta recuperação de alguns países desenvolvidos, especialmente na Europa.
A região registrará uma contração de 1,1% em 2016 e as exportações cairão pelo quarto ano consecutivo, desta vez 5%, devido ao "menor dinamismo da demanda mundial" pelos produtos e a "crescente incerteza dos mercados", segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
"Esse ano continuou conjugando a fraqueza da demanda interna (investimento e consumo privado) com um contexto de desaceleração da demanda externa e queda dos preços de exportação. Isso afetou principalmente as economias da América do Sul", disse à Agência Efe a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena.
Na América do Sul, dependente da venda de matérias-primas, sobretudo de minerais e combustíveis, calcula-se que a Venezuela terá uma contração econômica pelo terceiro ano consecutivo (-9,7%). O PIB do Brasil, com dois anos seguidos de queda, fechará em -3,6%. Para Equador e Argentina, a previsão é de retração de 2%.
Jesús Pineda, diretor do Centro de Pensamento de Estratégias Competitivas da Universidade El Rosario, na Colômbia, explicou que os casos mais críticos são os da Venezuela, devido à queda do preço do petróleo, ao modelo de intervenção estatal e à destruição da iniciativa privada. E também do Brasil, com a sequência da profunda crise política após o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
As economias que apresentarão resultado positivo, embora em menor medida do que em 2015, são as de Bolívia (4%), México (2%), Chile (1,6%), Uruguai (0,6%) e os países da América Central, segundo a Cepal. A República Dominicana, por exemplo, terá crescimento de 6,4%, seguida do Panamá, com 5,2%.
Para o assessor econômico do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Andrew Powell, também influenciaram neste ano fatores externos, como o "pobre desempenho das economias avançadas", a lenta recuperação dos EUA e a desaceleração da China.
A China, que crescerá 6,7%, índice inferior à média dos anos recentes, é o maior destino de exportações de Uruguai, Brasil, Chile e Peru, além de ser o segundo principal parceiro da Argentina.
Powell destacou à Efe os casos do Peru, que conseguiu formalizar empregos e promover alianças público-privadas, o que gerará um crescimento de 3,9%. E da Argentina, que no primeiro mandato de Mauricio Macri buscou normalizar o mercado cambial e conseguiu um acordo com os chamados "fundos abutres" pela dívida da moratória.
Para 2017, a expectativa é de um crescimento regional de 1,3%, "colocando um fim ao biênio de contração 2015-2016", diz a Cepal.
Os analistas acreditam que Argentina, Brasil e Equador conseguirão retomar o crescimento, com previsões de expansão do PIB de 2,3%, 0,4% e 0,3%, respectivamente. Enquanto a Venezuela, com a inflação mais alta do mundo, seguirá em crise, com uma retração de 4,7% de sua economia no próximo ano.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que 2016 é o "fim" do "modelo capitalista petroleiro dependente" e que 2017 será o "primeiro ano do socialismo produtivo".
A região segue aguardando, além disso, mais altas nas taxas de juros nos EUA, que pode fazer o dólar disparar, diminuir os investimentos em bolsa e gerar uma fuga de capitais dos países emergentes.
Além disso, na reta final do ano, se soma a incerteza pela chegada de Donald Trump à presidência dos EUA. O republicano prometeu encerrar o Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta) e anunciou que retirará o país da Parceira Transpacífica (TPP), do qual fazem parte Chile e Peru.
Vários governos estão tentando fortalecer a integração contra o protecionismo, e a Cepal afirmou se o TPP não vigar haverá espaço para a convergência entre diferentes acordos sub-regionais, como a Aliança do Pacífico e o Mercosul.
Com esse panorama, os analistas insistem que a fórmula da recuperação na América Latina é a diversificação e a integração.
"As principais economias da região seguem sem assimilar a queda de preços de produtos básicos e mantém uma dificuldade para avançar em direção a uma maior diversificação da produção, principalmente a Colômbia", explicou Pineda.
"E se hoje a inserção da região no mundo é complexa, um dos temas que deveríamos apoiar com maior força é justamente o comércio intrarregional", disse Bárcena.
Bogotá, 20 dez (EFE).- A queda dos preços das matérias-primas e as crises de Venezuela e Brasil marcaram um ano negativo para a América Latina, que espera uma recuperação em 2017, apesar do entorno global incerto por possíveis medidas protecionistas dos Estados Unidos, a desaceleração da China e a lenta recuperação de alguns países desenvolvidos, especialmente na Europa.
A região registrará uma contração de 1,1% em 2016 e as exportações cairão pelo quarto ano consecutivo, desta vez 5%, devido ao "menor dinamismo da demanda mundial" pelos produtos e a "crescente incerteza dos mercados", segundo a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
"Esse ano continuou conjugando a fraqueza da demanda interna (investimento e consumo privado) com um contexto de desaceleração da demanda externa e queda dos preços de exportação. Isso afetou principalmente as economias da América do Sul", disse à Agência Efe a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena.
Na América do Sul, dependente da venda de matérias-primas, sobretudo de minerais e combustíveis, calcula-se que a Venezuela terá uma contração econômica pelo terceiro ano consecutivo (-9,7%). O PIB do Brasil, com dois anos seguidos de queda, fechará em -3,6%. Para Equador e Argentina, a previsão é de retração de 2%.
Jesús Pineda, diretor do Centro de Pensamento de Estratégias Competitivas da Universidade El Rosario, na Colômbia, explicou que os casos mais críticos são os da Venezuela, devido à queda do preço do petróleo, ao modelo de intervenção estatal e à destruição da iniciativa privada. E também do Brasil, com a sequência da profunda crise política após o impeachment da presidente Dilma Rousseff.
As economias que apresentarão resultado positivo, embora em menor medida do que em 2015, são as de Bolívia (4%), México (2%), Chile (1,6%), Uruguai (0,6%) e os países da América Central, segundo a Cepal. A República Dominicana, por exemplo, terá crescimento de 6,4%, seguida do Panamá, com 5,2%.
Para o assessor econômico do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Andrew Powell, também influenciaram neste ano fatores externos, como o "pobre desempenho das economias avançadas", a lenta recuperação dos EUA e a desaceleração da China.
A China, que crescerá 6,7%, índice inferior à média dos anos recentes, é o maior destino de exportações de Uruguai, Brasil, Chile e Peru, além de ser o segundo principal parceiro da Argentina.
Powell destacou à Efe os casos do Peru, que conseguiu formalizar empregos e promover alianças público-privadas, o que gerará um crescimento de 3,9%. E da Argentina, que no primeiro mandato de Mauricio Macri buscou normalizar o mercado cambial e conseguiu um acordo com os chamados "fundos abutres" pela dívida da moratória.
Para 2017, a expectativa é de um crescimento regional de 1,3%, "colocando um fim ao biênio de contração 2015-2016", diz a Cepal.
Os analistas acreditam que Argentina, Brasil e Equador conseguirão retomar o crescimento, com previsões de expansão do PIB de 2,3%, 0,4% e 0,3%, respectivamente. Enquanto a Venezuela, com a inflação mais alta do mundo, seguirá em crise, com uma retração de 4,7% de sua economia no próximo ano.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou que 2016 é o "fim" do "modelo capitalista petroleiro dependente" e que 2017 será o "primeiro ano do socialismo produtivo".
A região segue aguardando, além disso, mais altas nas taxas de juros nos EUA, que pode fazer o dólar disparar, diminuir os investimentos em bolsa e gerar uma fuga de capitais dos países emergentes.
Além disso, na reta final do ano, se soma a incerteza pela chegada de Donald Trump à presidência dos EUA. O republicano prometeu encerrar o Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta) e anunciou que retirará o país da Parceira Transpacífica (TPP), do qual fazem parte Chile e Peru.
Vários governos estão tentando fortalecer a integração contra o protecionismo, e a Cepal afirmou se o TPP não vigar haverá espaço para a convergência entre diferentes acordos sub-regionais, como a Aliança do Pacífico e o Mercosul.
Com esse panorama, os analistas insistem que a fórmula da recuperação na América Latina é a diversificação e a integração.
"As principais economias da região seguem sem assimilar a queda de preços de produtos básicos e mantém uma dificuldade para avançar em direção a uma maior diversificação da produção, principalmente a Colômbia", explicou Pineda.
"E se hoje a inserção da região no mundo é complexa, um dos temas que deveríamos apoiar com maior força é justamente o comércio intrarregional", disse Bárcena.
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