Jamil Chade

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Reportagem

Embaixadora dos EUA não garante Brasil no Conselho de Segurança

A embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, não garantiu o apoio de seu governo para a entrada do Brasil numa eventual expansão do Conselho de Segurança da ONU. Num discurso nesta quinta-feira (12), ela afirmou que a Casa Branca chancela a adesão de Índia, Alemanha e Japão. Mas deixou claro que não existe a mesma decisão "explícita" sobre o Brasil.

Os quatro países fazem parte do que é chamado de G4, grupo que defende uma expansão do Conselho e um lugar para cada um deles.

Ao ser questionada durante um evento no prestigioso Council on Foreign Relations, a diplomata afirmou:

Sobre o G4, nós expressamos nosso apoio para o Japão, Alemanha e Índia. Nós não expressamos explicitamente apoio ao Brasil.

Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos EUA na ONU

A embaixadora não ofereceu uma explicação sobre o motivo pelo qual não garante o Brasil no grupo e apenas indicou que, no caso da Índia, o apoio americano era "forte".

Nesta quinta-feira, o governo de Joe Biden anunciou que apoia a reforma do Conselho e que quer, entre as medidas adotadas, a expansão do órgão para pode dar vaga a dois países africanos. O gesto foi visto como uma manobra para conter a influência da China no continente, cada vez mais dependente economicamente de Pequim.

Biden quer "um latino-americano"

No ano passado, num discurso na ONU, o presidente Joe Biden defendeu que o órgão seja reformado para incluir um país latino-americano como membro permanente. Mas sua administração evita anunciar a escolha de quem seria seu favorito.

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Procurado, diplomatas brasileiros admitiram que os americanos jamais deram um apoio explícito ao Brasil, garantindo que o país teria o voto dos EUA numa eventual expansão.

Mas a fala da embaixadora americana deixou claro que, apesar da aproximação entre os governos de Joe Biden e de Luiz Inácio Lula da Silva, não existe garantia de que isso seja traduzido em uma chancela para uma vaga permanente ao Brasil.

Durante a visita de Jair Bolsonaro ao então presidente Donald Trump, em 2019, o comunicado final tampouco trouxe uma confirmação do apoio dos EUA à candidatura do Brasil ao Conselho.

O Brasil assumiu uma vaga não permanente nos últimos dois anos. Mas, pelo princípio da rotatividade entre os países latino-americanos, a próxima candidatura do governo brasileiro deve ocorrer apenas em 2036.

Reforma será grande aposta de Lula em NY

Em dez dias, Lula estará em Nova York para abrir a reunião anual da Assembleia Geral da ONU. Fontes diplomáticas confirmaram que, em seu discurso, o brasileiro vai insistir uma vez mais sobre a necessidade de que o Conselho seja reformado.

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Lula, de fato, já sinalizou o tom que vai usar ao mandar um vídeo nesta quinta-feira para um evento na ONU.

"Assim como acontece com qualquer criança que cresce e amadurece, as roupas que vestimos em 1945 já não nos cabem mais", disse. "Há mais de vinte anos temos falado sobre a reforma da governança global. Estamos correndo em círculos. Chegou a hora de agir", disse.

"O Brasil está dando novo impulso à reforma da governança global na sua presidência do G20. Mas esse debate também precisa ser travado na ONU, o fórum mais inclusivo de todos. Gostaríamos que todos fossem à Cúpula do Futuro com a ambição de promover reformas efetivas", afirmou.

"O Conselho de Segurança precisa ampliar sua composição nas duas categorias de membros, permanentes e não permanentes", defendeu Lula.

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