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Vídeo de passageiro ofusca visita de CEO da Lufthansa a local de queda na França

01/04/2015 15h40

BERLIM/LE VERNET, França (Reuters) - Um vídeo que mostra os segundos finais do voo da companhia aérea Germanwings que foi derrubado na França na semana passada foi descoberto entre os destroços, afirmam reportagens nesta quarta-feira, poucas horas antes de executivos no local do acidente evitarem responder perguntas sobre a saúde mental do copiloto.

O vídeo foi encontrado no celular de um dos passageiros mortos no avião, que investigadores afirmam que o copiloto alemão Andreas Lubitz lançou propositalmente contra uma montanha nos Alpes Franceses, relatou o jornal alemão Bild.

As cenas do vídeo são caóticas e trêmulas, segundo o Bild, que acrescentou ser possível ouvir gritos e exclamações de “Meu Deus”, o que indica que os passageiros sabiam o que estava acontecendo.

O promotor Brice Robin, encarregado do caso na França, disse que os celulares recolhidos dos destroços ainda têm que ser analisados e que estão sendo mantidos no local. Não foi possível obter comentários de imediato do Escritório de Investigação e Análise para a Segurança da Aviação Civil da França (BEA, na sigla em francês).

No vídeo, que o Bild descreveu como sendo "indiscutivelmente autêntico", é possível ouvir golpes de metal pelo menos três vezes, possivelmente o som do piloto que foi trancado do lado de fora da cabine por Lubitz tentando arrombar a porta.

Perto do final acontece um tremor forte e o avião oscila intensamente para um lado. Depois de mais gritos, o vídeo termina, afirmou o diário.

A filmagem parece ter sido feita perto da cauda da aeronave, mas não é possível identificar nenhum indivíduo, segundo o Bild.

A revista francesa Paris Match também publicou uma reportagem sobre o vídeo e um relato de uma conversa entre os dois pilotos, de acordo com um “investigador especial”.

Quando o capitão saiu da cabine para ir ao banheiro, disse a Lubitz que ele ficaria no comando. “Assim espero”, respondeu Lubitz, de acordo com a revista.

Mais tarde, o capitão implorou para Lubitz deixá-lo entrar.

Na terça-feira, a Lufthansa, grupo ao qual a Germanwings pertence, declarou que em 2009 Lubitz contou a funcionários da escola de treinamento da empresa que passou por um período de depressão profunda, o que desperta dúvidas sobre o processo de seleção de pilotos da empresa.

Promotores declararam que Lubitz sofria de “tendências suicidas” antes de obter seu brevê de piloto. A Lufthansa enfrentará ações legais dos parentes das vítimas.

O diretor-executivo da companhia, Carsten Spohr, visitou o local do acidente nesta quarta-feira e se recusou a responder a uma saraivada de perguntas a respeito do que a companhia sabia sobre o estado mental de Lubitz.

O copiloto, que teve permissão para retomar seu treinamento depois de ser aprovado novamente em exames médicos e de adequação, tinha uma observação em sua licença médica indicando algum tipo de doença, afirmou uma pessoa familiarizada com o assunto à Reuters.

Mas em respeito às leis alemãs sobre o sigilo entre médicos e pacientes, a Lufthansa, como empregadora, não pode pedir informações sobre a condição de saúde de seus empregados.

Em comunicado por escrito, Spohr declarou que ainda não está claro o que motivou as ações de Lubitz.

(Por Andrew Callus, em Paris; e de Victoria Bryan e Madeline Chambers, em Berlim)