Manifestações contra mudanças climáticas pressionam líderes globais na Cúpula de Paris
PERTH/PARIS, Nov 29 (Reuters) - Milhares de pessoas se uniram neste domingo em um dos maiores atos contra o aquecimento global, de Sidney a Berlim, para pôr pressão sobre os líderes mundiais reunidos em Paris para a Cúpula do Clima.
Cerca de 20 mil pares de sapatos foram colocados na Praça da República, na capital francesa, para marcar a ausência de manifestantes depois dos ataques do Estado Islâmico que mataram 130 pessoas no dia 13 de novembro e levaram a França a banir os protestos que estavam planejados para acontecer durante a Cúpula.
Os organizadores afirmam que o Vaticano enviou um par de sapatos em nome do papa Francisco. Um ativista, vestido de branco e com asas de anjo, carregava um placa com os dizeres "carvão mata".
Mais de 2.000 eventos estão acontecendo em cidades como Sidney, Berlim, Londres, São Paulo e Nova York, transformando esse dia no que talvez seja o maior manifesto contra as mudanças climáticas já feito no mundo, às vésperas da Cúpula, que ocorre nesta segunda-feira.
Em Sidney, cerca de 45.000 pessoas marcharam através do distrito de negócios até a Opera House. Entre eles, o prefeito da cidade, Clover Moore, que afirmou na sua conta do Twitter que este era a maior manifestação contra as mudanças climáticas já acontecida na cidade. Os manifestantes tinham faixas com os dizeres como "Não há Planeta B" e "Diga não à queima de florestas nacionais por eletricidade". Em Hong Kong, dois manifestantes carregaram um urso polar de isopor com uma faixa dizendo "sem casa e com fome" e "por favor, ajude" por causa do derretimento do círculo polar Ártico.
Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da China, Xi Jinping, estarão entre os mais de 140 líderes na abertura da Cúpula.
Ativistas na França reduziram seus planos quando o governo impôs estado de emergência depois dos ataques em Paris e baniram as marchas em Paris sob alegação de riscos para segurança. Mas os manifestantes planejam formar uma corrente humana, com cerca de 3.400 pessoas unidas no que seria o percurso de três quilômetros entre o centro de Paris, a Praça da República até a Praça das Nações. "Esse é o momento para o mundo dar as mãos", disse Ian Keith, diretor de campanhas do Avaaz e um dos organizadores do protesto.
Alix Mazounie, da Rede Francesa Ação Climática, afirma que os ativistas consideram que a corrente humana não irá violar o estado de emergência. "Isso não é desobediência civil", afirmou. A corrente será quebrada sempre que cruzar uma rua para não atrapalhar o trânsito, explicou a ativista.
Mas, para enfatizar os riscos de segurança, o governo francês pôs 24 ativistas sob prisão domiciliar antes da Cúpula, informou o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, no sábado, afirmando que eles eram suspeitos de planejar protestos violentos.
(Por Morag MacKinnon e Alister Doyle)
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