O cabo submarino entre o Brasil e da União Europeia
A viagem da presidente Dilma Rousseff a Bruxelas, onde encontrou nesta semana o presidente do Conselho Europeu (composto pelos chefes de Estado e de governo da União Europeia), Herman van Rompuy, e o presidente da Comissão Europeia (eleito pelo Parlamento Europeu), José Manuel Barroso, teve destaque na imprensa do Velho Continente. Por dois motivos. O primeiro está ligado às negociações sobre o livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE).
Depois de posar com os dois líderes europeus, a presidente Dilma declarou: “pela primeira vez estamos perto de um acordo”. Mas ainda há muito chão pela frente. Iniciadas em 1999, as discussões para a abertura do comércio entre os dois blocos tem sido travadas por dois pontos fundamentais: o protecionismo agrícola da França e a descontinuidade das negociações com a Argentina, cujo interesse no acordo é menor que o dos restantes países do Mercosul.
Na realidade, o Brasil é o primeiro parceiro comercial da UE, na frente até dos Estados Unidos e da China. A solução que está sendo debatida é a de um acordo diferenciado. O Brasil e o Uruguai -- e eventualmente o Paraguai (a Venezuela está fora das negociações) -- sairiam na frente para fechar o acordo, deixando a adesão argentina para mais tarde.
O segundo ponto de destaque da visita da presidente Dilma foi a informação de que a UE vai financiar parte da instalação de um novo cabo submarino de fibra ótica entre o Brasil e a Europa.
Apoiada por Angela Merkel e por outros dirigentes europeus, a iniciativa visa, segundo o noticiário, proteger as comunicações europeias, brasileiras e sul-americanas da espionagem da NSA, a Agência de Segurança americana.
Dado o desafio geopolítico da empreitada, evitando que as chamadas telefônicas, fax, e-mails e dados criptados das duas regiões transitem pelos Estados Unidos, a notícia sobre o cabo submarino chamou mais a atenção do que o eventual acordo comercial Mercosul-UE. Trocando em miúdos, as autoridades brasileiras e europeias não confiam nas promessas de Obama de que a espionagem americana seria mais restrita e melhor controlada pelo seu governo.
Envolvendo a Telebras e a empresa espanhola IslaLink, o cabo Brasil-UE terá um custo de US$ 185 milhões . Conforme declararam Dilma e Van Rompuy em Bruxelas, trata-se de proteger europeus e sul-americanos da espionagem americana.
Porém, uma reportagem do site conservador WND explica que o submarino nuclear USS Jimmy Carter, na ativa desde 2005 e especialmente equipado para esse tido de operações, pode grampear qualquer cabo submarino. Outro site noticioso, a edição francesa do Zdnet, citando o especialista americano James Bamford, indica que o USS Jimmy Carter, até 2008, não havia conseguido completar eficazmente esse tipo de espionagem.
Não há dúvida de que as comunicações entre o Brasil e a Europa podem ser incrementadas pela instalação do cabo. Mas o objetivo explícito da iniciativa, a proteção dos dados, está muito provavelmente fadado ao fracasso.
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