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Cientistas criam 'manto de invisibilidade do tempo' nos EUA

Melissa Hogenboom

07/06/2013 10h14

Cientistas da Purdue University, no Estado norte-americano de Indiana, disseram ter conseguido criar uma espécie de "manto de invisibilidade" que conseguiria esconder eventos contínuos em um feixe luz.

O "manto" funciona ao manipular a velocidade da luz em fibras ópticas fazendo com que interações que ocorrem nos "buracos do tempo" criados por ele não possam ser detectadas. Os resultados de seus experimentos foram publicados na revista Nature.

Outras equipes científicas estão trabalhando para criar técnicas para esconder - ou tornar "invisíveis" - determinados objetos no espaço físico, mas a equipe de Indiana é pioneira ao tentar ocultar eventos ocorridos em intervalos de tempo.

Para provar isso, a equipe da Purdue University montou um circuito de feixes de luz. Usando lasers eles teriam conseguido fazer com que, por uma série de breves momentos, os "buracos no tempo", tais feixes não fossem detectados, o que lhes permitiu "esconder" quase a metade dos dados transmitidos por eles.

No ano passado, a equipe teria conseguido resultados semelhantes - mas ocultando apenas um breve momento em cada repetição do experimento. Agora, dizem ter conseguido ocultar uma quantidade muito maior de "intervalos de tempo" - e, portanto, de dados.

"Fizemos isso 'empurrando' a luz para frente e para trás usando componentes de telecomunicações controlados por sinais elétricos", disse Andrew Weiner, coautor do estudo.

A técnica, como explica Greg Gbur, especialista em física óptica da Universidade da Carolina do Norte (EUA), não implica em uma "manipulação do tempo", mas, sim, em uma "manipulação da luz". Gbur não faz parte da equipe que realizou a pesquisa, mas diz que ela representa um avanço importante na área.

"Em seu primeiro estudo sobre o 'manto do tempo', eles discutiram a possibilidade de esconder eventos de alguns bilionésimos de segundo de vez em quando. Agora, estão contemplando a possibilidade de esconder os dados transmitidos em 46% do tempo total considerado", diz Gbur. "Isso sugere que a técnica deixou de ser uma curiosidade para ser algo que poderia ser utilizado em comunicações ópticas e processamento de dados."

Para Ortwin Hess, físico do Imperial College London, o estudo é "notável". Ele diz que uma parte importante do trabalho explora a dualidade espaço-tempo.

"[Esse estudo] Mostra como os princípios de espaço-tempo podem ser usados na óptica. As 'capas de invisibilidade' já estudadas também são interessantes, pois mudam o que vemos no espaço. Mas agora podemos mudar a maneira como a luz, e, portanto, as informações, comportam-se no espaço e no tempo", disse Hess.

De acordo com o físico, a pesquisa teria várias aplicações práticas. Ela poderia ajudar a tornar certos dados invioláveis. Entre os potenciais interessados nessa tecnologia em desenvolvimento estariam governos e grandes empresas que lidam com informações sensíveis ou confidenciais.