A controversa decisão que salvou a vida dos astronautas da Apollo 13
O último dia 17 de abril marcou mais um aniversário do retorno dos astronautas James Lovell, Jack Swigert e Fred Haise à Terra depois de quase 88 horas a bordo de uma espaçonave seriamente avariada.
A saga dos ocupantes da Apollo 13, em 1970, virou filme estrelado por Tom Hanks e se tornou um símbolo do triunfo sobre a adversidade: a explosão em dos tanques de oxigênio da nave marcou o início da maior missão de resgate da história da corrida espacial.
Mas o que muita gente não sabe é que, antes de tudo, os três tripulantes devem suas vidas a uma decisão tomada anos antes do lançamento.
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Módulos
Na teoria, há três maneiras de se chegar à Lua.
Uma abordagem direta consiste em partir da Terra a bordo de um foguete e ir direto ao satélite natural, pousando verticalmente e retornando para casa no mesmo veículo.
Isso, porém, teria requerido um imenso foguete. No início da corrida espacial, dois modelos foram propostos - o Saturno e o Nova, este de maiores proporções e potencialmente capaz de fazer a viagem direta.
O Nova tinha a preferência de lideranças da Nasa (a agência espacial americana), incluindo o manda-chuva do programa Apollo, Wehrner Von Braun. O problema é que o foguete consumiria uma quantidade de combustível que encareceria ainda mais a já custosa missão.
Como consequência, o projeto foi abandonado - depois de provocar um imenso debate.
Mas a verdade é que isso começou a selar a (boa) sorte dos astronautas da Apollo 13: se a explosão tivesse acontecido no mesmo ponto em um foguete de módulo único como o Nova, não teria havido energia suficiente para trazer a espaçonave de volta ou gerar oxigênio para os astronautas.
Quando a abordagem direta foi descartada, os cientistas da Nasa estudaram usar uma das duas formas de rendez-vous, manobra na qual veículos espaciais se encontram no ar: módulos seriam lançados em momentos diferentes para se acoplar no espaço e tornar a viagem menos custosa, por exigir foguetes menores para o lançamento.
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Um comboio ficaria na órbita da Terra e outro ao redor da Lua, contendo um módulo de aterrissagem.
O problema é que isso exigiria que a maior parte da viagem fosse feita em uma única espaçonave, criando a mesma situação mortal para a tripulação que a apresentada pela abordagem direta.
A terceira e última forma, adotada pela Nasa, foi fazer a viagem em uma pequena nave modular, levada ao espaço pelo poderoso foguete Saturno. Ela se separaria ao orbitar a Lua, enviando um módulo de aterrissagem que depois se ligaria novamente ao módulo de comando para a volta à Terra.
A explosão a bordo da Apollo 13 ocorreu 56 horas após a decolagem, antes da separação entre os módulos de comando e lunar, o que permitiu que a tripulação usasse o último módulo: ele ficou intacto, como uma espécie de bote salva-vidas espacial com propulsão, energia e oxigênio próprios.
Os computadores do módulo de comando eram necessários para uma reentrada na atmosfera terrestre, mas precisaram ser recarregados com células de combustível do módulo lunar, algo que seria impossível em uma nave de módulo único.
No momento em que discutimos uma viagem à Marte, é bem provável que tenhamos as mesmas discussões sobre abordagem que os diretores da Nasa tiveram nos anos 60.
Especialistas como Jerry Woodfill, engenheiro espacial das missões Apolo 11 e 13, não acreditam que o mesmo sistema de módulos será usado.
"É mais provável que utilizemos recursos retirados de Marte por missões robóticas precursoras", diz Woodfill.
O fato é que os engenheiros que nos anos 60 defenderam o rendez-vous lunar, apesar da impopularidade, deveriam receber agradecimentos especiais por salvar a vida de Lovell, Swiggert e Haise.
Leia a versão original dessa reportagem (em inglês) no site BBC Future.
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