Emprego recorde e renda crescente: má notícia? Só na Faria Lima
Nunca a força de trabalho ocupada no Brasil foi tão grande. São quase 102 milhões de brasileiros trabalhando. Isso porque a taxa de desocupação do 2º trimestre encerrado em junho caiu para 6,9%, a menor em mais de uma década. Era 8% um ano atrás.
Isso significa que há mais 2,9 milhões de pessoas trabalhando hoje que não trabalhavam um ano atrás, segundo a Pnad Contínua, do IBGE. Ou seja, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
As boas notícias não pararam aí: a renda do trabalhador cresceu 1,8% entre o primeiro e segundo semestres. Em comparação com o ano anterior, o aumento foi de 5,8%.
E teve mais:
- O desalento (pessoas que não trabalham nem procuram emprego por acharem que não têm chance no mercado de trabalho) caiu ao menor nível em oito anos;
- Os empregos formais, com carteira assinada, estão no pico da série histórica (que começou em 2012);
- A informalidade caiu;
- Setores que empregaram mais:
- Comércio;
- Reparação de veículos;
- Tecnologia da informação;
- Atividades financeiras;
- Setor público.
As boas novas captadas pela Pnad passaram quase despercebidas, porém. Não conseguiram competir com as más notícias que chegam de Caracas, nem com as medalhas de Paris.
Quem prestou atenção foi a Faria Lima, metonímia do mercado financeiro. E, lá, nem todo mundo achou essas notícias tão boas assim. O raciocínio é mecanicamente simplista:
- Mais gente empregada e ganhando melhor => aumento do consumo => mais demanda => pressão sobre os preços => inflação
Por estranho que possa parecer, as notícias positivas sobre emprego e renda ajudam a justificar a manutenção dos juros no elevado patamar onde estão. Embora a força motriz dos juros no Brasil seja o movimento de capital internacional provocado pelos juros americanos, os andares mais altos da Faria Lima ficam inquietos ao verem o consumo das famílias crescendo e os juros caindo.
A pressão "farialimer" só não está maior porque o governo se antecipou e anunciou cortes de gastos, para sinalizar que está preocupado em manter o equilíbrio das contas públicas.
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