PF prende sobrinho de governador do TO em inquérito sobre decisões do STJ
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A Polícia Federal ampliou a investigação sobre venda de decisões do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e apura, em uma nova operação deflagrada hoje, suspeitas envolvendo integrantes do Ministério Público do Tocantins.
Foi preso preventivamente Thiago Marcos Barbosa de Carvalho, assessor do procurador Ricardo Vicente da Silva, do MP do Tocantins. O procurador também está sendo investigado.
Thiago Carvalho é advogado e é sobrinho do governador do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), que não foi alvo da operação.
A suspeita da PF é que o grupo tenha acionado o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves — preso desde dezembro — para obter, de forma ilegal, acesso a informações sigilosas do STJ.
"Segundo as investigações, foi identificada uma rede clandestina de monitoramento, comércio e repasse de informações sigilosas sobre o andamento de investigações sensíveis supervisionadas pelo Superior Tribunal de Justiça, frustrando, assim, a efetividade das operações policiais", informou a PF em comunicado.
A operação foi autorizada pelo ministro do STF Cristiano Zanin. Os policiais federais também fizeram buscas em quatro endereços ligados aos investigados no Tocantins. Zanin ainda determinou medidas de afastamento das funções públicas, proibição de contato e saída do País e recolhimento de passaportes.
O UOL tenta contato com a defesa dos alvos da operação. Em nota, o MP do Tocantins informou que todas as medidas necessárias para atender a decisão do STF foram adotadas e que Thiago Marcos Barbosa de Carvalho foi exonerado hoje.
"A instituição reforça seu compromisso com a legalidade e a transparência e seguirá acompanhando o desenrolar dos fatos, colaborando com as autoridades competentes", disse o MP do Tocantins.
O início da investigação no TO
Os novos indícios surgiram a partir de uma investigação da Polícia Federal deflagrada no ano passado contra o desembargador Helvécio de Brito Maia Neto, do Tribunal de Justiça do Tocantins.
Ao analisar o seu celular, a PF encontrou diálogos em que Thiago Carvalho relata ter obtido acesso a inquéritos sigilosos do STJ que miravam autoridades do estado. A PF apontou que havia conexão desses fatos com o inquérito já em andamento sobre as suspeitas de venda de decisões da Corte e, por isso, deflagrou a nova operação de hoje.
Até agora, as investigações miravam a atuação do lobista no STJ e nos tribunais de Justiça de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Essa nova operação amplia o escopo da investigação para a existência de um novo braço de atuação do grupo clandestino do STJ, desta vez envolvendo o repasse de informações sigilosas a integrantes do MP do Tocantins.
Sobre a Operação Sisamnes
Na primeira fase da Operação Sisamnes, a PF prendeu o empresário Andreson Gonçalves, o "lobista dos tribunais", e fez buscas em endereços de auxiliares de ministros do STJ. Os servidores foram afastados e também são investigados administrativamente. Segundo o STJ, nenhum ministro tinha conhecimento das irregularidades.
O suposto esquema de venda de decisões judiciais envolveria advogados, lobistas, empresários, assessores, chefes de gabinete e magistrados de Tribunais de Justiça estaduais.
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