Lula terá que lidar com presidente da Câmara do partido de Tarcísio
Em dezembro de 2024, o presidente Lula disse que, em 2025, iria colher o que plantou nos dois primeiros anos de mandato. O problema é que quem planta vento colhe tempestade.
A falta de articulação política do governo levou ao resultado deste sábado. Sem construir uma alternativa ao grupo de Arthur Lira (PP-AL), o governo ajudará a colocar no comando da Câmara o partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.
Entre as dez maiores bancadas da Câmara, o Republicanos está em sétimo lugar. O que explica o partido do presidente, que tem a segunda maior bancada (81 deputados), não conseguir construir uma candidatura?
No be-a-bá da política, a eleição da Câmara no segundo biênio é usada pelos governos para desenhar a chapa da reeleição. Lula teve dois anos para fazer isso e não conseguiu. Terá Hugo Motta (PB) de um lado e Davi Alcolumbre (União-AP) de outro. Nenhum dos dois partidos garante apoio à reeleição do petista. O Republicanos tem Tarcísio e o União, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado.
Motta e Alcolumbre chegam em meio à queda de popularidade do governo, à constatação entre aliados de que Lula perderia as eleições hoje e às ilegalidades no Pé-de-Meia atestadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União).
Quanto mais fraco estiver o governo, mais dependente do Congresso ele fica. Foi assim que nasceu o orçamento secreto. Para escapar do impeachment, Jair Bolsonaro transferiu o controle do orçamento ao Congresso numa jogada desenhada por Arthur Lira.
Lula também terá que enfrentar os seus. A oposição já tem 108 assinaturas para investigar crime de responsabilidade por operar o Pé-de-Meia fora do orçamento, como revelou o UOL, num caso que já tem relatório do TCU aprovado por todos os ministros apontando a manobra fiscal. Uma carta na manga para usar num choque entre governo e Congresso.
A Frente Parlamentar Mista de Fiscalização, Integridade e Transparência da Câmara, composta por 203 deputados e senadores de 18 partidos, enviou nesta sexta-feira (31) ao presidente do TCU, ministro Vital do Rego, um ofício no qual informa que apoia a investigação da Corte de Contas no principal programa do governo.
Quando se elegeu, em 2022, Lula teve que apoiar a reeleição de Arthur Lira (PP-AL). O jogo já estava jogado e impor um candidato de oposição e alinhado ao Planalto era um risco que o PT aprendeu a não correr mais. A oportunidade de derrotar Lira seria agora.
Reforma ministerial
Diante do cenário de impopularidade, partidos que hoje compõem o governo dizem que não irão se envolver nas discussões de uma eventual reforma ministerial.
Ninguém irá recusar ministérios, mas o discurso será de que as indicações são da Câmara ou do Senado e não dos partidos, que ficarão livres para articular a disputa de 2026.
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