Bronca de Lula e especulações de queda de ministro dominam festa do PT

Mesmo com o presidente a quase 1.000 km de distância, não se falou em outra coisa na festa do PT, em Brasília, além da bronca que Lula deu no encerramento do seminário do partido e apostas sobre a saída do ministro Paulo Pimenta da Secom (Secretaria de Comunicação Social).

O que aconteceu

Em discurso por vídeo, Lula fez mea-culpa e reclamou duramente da comunicação do governo e do PT. Ele pediu que o partido voltasse à base e, sem citar nomes, deixou bem claro o persistente incômodo com a comunicação do partido.

Para aliados e membros do governo, foi um recado direto a Pimenta. Partidários que participavam da festa comentavam sem ressalvas que a fofoca ocorria desde o início da semana e foi confirmada pelo discurso.

Lula foi taxativo. "Nesses dois anos de governo, já fiz muito mais entrega de políticas públicas para a sociedade do que fiz nos oito anos anteriores [2003-2010]. Mas eu sinto que, cada vez eu viajo, converso, que atendo ministro, que nós não estamos entregando de forma adequada para que a sociedade tenha as informações daquilo que nós fizemos", disse o presidente.

Isso não significa que Pimenta vá sair do governo. Segundo aliados, ele pode ir à Secretaria-Geral da Presidência, hoje ocupada por Márcio Macêdo, enquanto o marqueteiro Sidônio Palmeira, responsável pela eleição de 2022, assume e Secom.

Bronca tomou a festa

O discurso ocorreu no encerramento do seminário de formação do PT, ao fim da tarde. Duas horas depois, no mesmo local, um conhecido centro de convenções da capital, começava a festa e só se falava na bronca.

As teorias variavam. Para algumas lideranças, Lula quis segurar o acelerado processo de debate sobre a sucessão do partido, que ocorre no meio do ano que vem, enquanto para outros Lula quis dizer que o partido deveria voltar às bases, à esquerda, e não rumar ao centro.

Pimenta como alvo da bronca era unânime. Entre presentes, o presidente mostrou uma insatisfação de custo-benefício: a gestão do ministro da Secom não tem trazido o resultado esperado, apesar da confiança e do investimento do governo.

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Lula quer uma mudança de rumos. Na visão do presidente, muito se focou em problemas e polêmicas, segundo aliados, e pouco nos feitos. Ele quer resultados.

Comemoração tímida

Sem a maior estrela, a festa do PT foi mais tímida. Lula estava em São Paulo. Ele foi à capital paulista direto do Mercosul, no Uruguai, para participar de um jantar do grupo Prerrogativas, criado por advogados em 2014 para combater as teses jurídicas da Operação Lava Jato, que homenageou a primeira-dama Janja da Silva.

A confirmação de que o presidente não ia fez o encontro perder força. Ao contrário do aniversário do PT, em fevereiro, quando os convites acabaram mais de uma semana antes, a área escolhida, no mesmo centro de convenções em Brasília, foi sensivelmente menor.

Só um ministro foi. Esther Dweck (Gestão e Inovação), quadro antigo do partido, chegou de roupa executiva vermelha. Alexandre Padilha (Relações Institucionais) chegou a aparecer durante o fechamento do seminário, ao final da tarde, mas foi embora.

Fátima Bezerra, do Rio Grande do Norte, representou os governadores petistas. Participaram também alguns deputados, como José Guimarães (CE), líder do governo na Câmara, Zeca Dirceu (PR) e Benedita da Silva (RJ), Décio Lima, presidente do Sebrae, o ex-ministro José Dirceu e Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Diferentemente do informado no texto desta matéria, o grupo Prerrogativas foi criado para combater as teses jurídicas da Lava Jato, e não por defensores da operação. A informação já foi corrigida.

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