Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Solidariedade à jornalista Vera Magalhães
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A Comissão Arns manifesta seu apoio à jornalista Vera Magalhães e, ao mesmo tempo, expressa seu mais veemente repúdio aos ataques sofridos por esta profissional reconhecida, ataques que fazem parte de uma campanha demolidora, mal-intencionada e misógina visando desqualificar o trabalho das mulheres na imprensa brasileira.
Em nota pública, a Comissão Arns diz que são repulsivas - mas não inéditas - as cenas de desacato e violência protagonizadas pelo deputado estadual Douglas Garcia (Republicanos) no debate entre candidatos ao governo de São Paulo, promovido ontem pelo UOL, em parceria com a Folha e a TV Cultura. Além de a jornalista já ter sido alvo de abordagens anteriores do mesmo deputado, os ataques ecoam, até em seus termos, o mesmo que Vera Magalhães sofreu da parte do candidato Jair Messias Bolsonaro (PL), em debate presidencial promovido pelo Grupo Band, dias atrás.
É evidente que os golpes contra jornalistas mulheres no Brasil, nos últimos anos, têm origem e objetivo certos. Na origem, confundem-se a ignorância, o machismo e a covardia de quem se compraz em agredir profissionais do sexo feminino - no caso, que atuam na imprensa - perpetuando aquela execrável lei de que para os fortes sempre compensa bater nos mais fracos. No objetivo, o que se tem visto é uma cafajestice programada para a divulgação intencional dessas ações intimidatórias pelas redes sociais, humilhando as jornalistas das formas mais virulentas, tentando silenciá-las e, ao mesmo tempo, buscando encobrir os verdadeiros pontos fracos dos seus agressores.
Vera Magalhães, colunista de O Globo e âncora da TV Cultura, tem sido a bola da vez, assim como foram Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, Miriam Leitão, do jornal O Globo, e Amanda Klein, da Jovem Pan, casos mais visíveis numa infinidade de situações que nem sempre chegam ao conhecimento público. Nelas, inclui-se a rotina quase diária de agressões contra repórteres, proferidas naquele tal cercadinho onde o presidente da República pensa governar e se comunicar com a nação.
É preciso dizer "basta" a essa prática infame. Além do apoio e da solidariedade a Vera e às suas colegas, a Comissão Arns conclama que todas estas agressões sejam investigadas na sua integralidade, inclusive com a participação e o apoio dos veículos de mídia que as jornalistas representam, para a total apuração dos atos de violência e a devida responsabilização dos seus autores.
Liberdade de expressão não se confunde com liberdade de agressão. A imprensa livre é, e vai continuar a ser, um pilar da nossa democracia. Seus demolidores não podem ficar impunes.
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