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Jamil Chade

REPORTAGEM

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Em funeral da rainha, Bolsonaro aprofunda desprezo do mundo por seu governo

Presidente Jair Bolsonaro (PL) discursa a apoiadores em Londres, Inglaterra, onde será o funeral da rainha Elizabeth 2ª - Reproduão/Facebook Jair Bolsonaro
Presidente Jair Bolsonaro (PL) discursa a apoiadores em Londres, Inglaterra, onde será o funeral da rainha Elizabeth 2ª Imagem: Reproduão/Facebook Jair Bolsonaro

Colunista do UOL

18/09/2022 17h59Atualizada em 18/09/2022 23h20

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Consternação, indignação e até vergonha. Essas foram algumas das palavras usadas por diplomatas estrangeiros ao descrever o comportamento de Jair Bolsonaro em sua passagem por Londres para o funeral da rainha Elizabeth 2ª.

Fontes nas chancelarias europeias indicaram que a presença de mais de 500 autoridades — entre presidentes, líderes internacionais e representantes de governos — era para ser marcada pela sobriedade. Em seu lugar, porém, Bolsonaro fez questão de transformar seu primeiro dia em um ato de campanha eleitoral.

Seu discurso de um balcão da embaixada do Brasil, inclusive contradizendo as pesquisas e afirmando que iria vencer as eleições no primeiro turno, foi recebido com desprezo e incompreensão.

Londres, ainda que saiba que o país vive um período eleitoral, esperava um certo protocolo por parte do brasileiro diante do momento de luto.

Diplomatas brasileiros confirmaram que não houve uma recomendação expressa sobre o comportamento de cada líder. Mas admitiram que a esperança era de que nenhum deles usasse o evento fúnebre para buscar votos ou convocar apoiadores. Tampouco haverá espaço para negociações entre os representantes que desembarcam na capital britânica.

Bolsonaro, porém, usou seu discurso para criticar posições das alas progressistas e falou de tráfico de drogas, aborto e gênero.

Para diplomatas europeus, a passagem de Bolsonaro pela Europa aprofunda o mal-estar e desprezo por seu governo no Velho Continente. Salvo em países liderados pela extrema-direita, o brasileiro não foi recebido por nenhum dos chefes de governo das principais democracias da Europa ao longo de seu mandato.

Não foi falta de pedidos do Itamaraty, que chegaram a consultar no ano passado o então primeiro-ministro Boris Johnson para saber se Londres receberia Bolsonaro. Os britânicos mantiveram um silêncio constrangedor.