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Jamil Chade

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Cidadania de filhos de Bolsonaro vira debate no Parlamento italiano

O presidente Jair Bolsonaro com os filhos, Flavio, Carlos, Eduardo e Renan - Reprodução do no Twitter @BolsonaroSP
O presidente Jair Bolsonaro com os filhos, Flavio, Carlos, Eduardo e Renan Imagem: Reprodução do no Twitter @BolsonaroSP

Janaína Cesar

25/11/2022 17h13Atualizada em 01/12/2022 20h27

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Em sessão plenária que aconteceu esta manhã na câmara de deputados, em Roma, o governo italiano informou que o senador Flávio Bolsonaro e o deputado Eduardo Bolsonaro pediram para entrar na lista de espera para obtenção da cidadania italiana.

A informação pedida por Angelo Bonelli, um dos líderes do movimento Europa Verde e parlamentar da Aliança Verde e de Esquerda, que viu no pedido de cidadania uma possível movimentação para escapar de processos no Brasil.

Segundo o relator Gianmarco Mazzi, o Ministério de Relações Exteriores da Itália - órgão ao qual foi direcionado o questionamento - foi informado que Flávio e Eduardo Bolsonaro, filhos do presidente Jair Bolsonaro, pediram em 2020 para entrar na lista de espera para fins de reconhecimento da cidadania italiana, e que naquele momento apresentaram os comprovantes de residência em Brasília.

A questão da cidadania italiana dos Bolsonaros veio à tona dia 7 de novembro quando os irmãos foram flagrados na saída da embaixada italiana em Brasília. O senador chegou a emitir uma nota dizendo que sair do país não é uma opção para ele. Mas, diferentemente do que foi informado pelo relator, ele disse na nota que o processo havia começado em 2019.

Dia 10, Bonelli apresentou uma interpelação parlamentar questionando o Ministério das Relações Exteriores sobre o caso. O político italiano também quis saber se o presidente Bolsonaro também teria entrado com o pedido. Mas o relator Mazzi esclareceu que não houve nenhum pedido feito por Jair Bolsonaro nesse sentido.

Mazzi disse que Eduardo e Flávio entregaram alguns documentos e o processo está em análise para verificar se existem os requisitos estabelecidos pela lei italiana para concessão da cidadania. "Ressalto que o reconhecimento da cidadania italiana iure sanguinis não prevê atividade de avaliação discricionária por parte da administração que examina o pedido, mas apenas a verificação de que o interessado possua os requisitos estabelecidos pela lei".

Ao final da leitura, Bonelli replicou pedindo para que o clã Bolsonaro não fosse privilegiado diante do trâmite burocrático em questão de tempo, visto que o processo de cidadania pedido no exterior pode levar até dez anos. "Pedi que não fosse dado um caminho preferencial a Eduardo e Flávio Bolsonaro e que o governo verificasse cuidadosamente se eles possuem realmente requisitos para haver a cidadania, considerando as questões críticas que expus na interpelação como, por exemplo, a proximidade com os assassinos de Marielle Franco", disse Bonelli à reportagem do UOL.

Na interpelação, o deputado lembrou da proximidade de Bolsonaro com a primeira-ministra Georgia Meloni e com o vice-primeiro-ministro Matteo Salvini e reafirmou que o presidente e seu partido foram responsáveis pela devastação da Floresta Amazônica e pela violação dos direitos humanos e, por isso, está em julgamento por crimes contra a humanidade, com o Senado brasileiro iniciando um "estado de acusação".