Com Brics, Lula ataca 'neocolonialismo verde' e manda recado a países ricos
Em seu primeiro discurso na África do Sul para a cúpula dos Brics, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atacou os países ricos e mandou um recado velado aos europeus.
Não podemos aceitar um neocolonialismo verde que impõe barreiras comerciais e medidas discriminatórias, sob o pretexto de proteger o meio ambiente.
Luiz Inácio Lula da Silva
O alerta foi interpretado como um recado para a União Europeia, que vem aplicando novas leis nas quais produtos de países em desenvolvimento poderiam ser vetados ou sobretaxados se não cumprirem determinações ambientais.
O governo brasileiro já deixou claro para a Europa que poderá inclusive questionar legalmente as normas adotadas pelo bloco e insiste que a "punição" não pode ser a forma de lidar com o meio ambiente entre países.
Na avaliação de Lula, o Brics "trabalhará para promover um comércio global mais justo, previsível, equitativo".
Lula já havia usado o termo durante a cúpula da Amazônia. Agora, ao levar o tema para a aliança dos países emergentes, diplomatas europeus interpretaram o gesto como uma intenção do presidente brasileiro de usar o bloco para garantir um sistema comercial que possa atender a seus interesses e questionar as decisões do G7 e outros grupos econômicos.
O temor de que europeus e americanos usem a questão ambiental como nova forma de impedir uma concorrência mais justa entre as economias pelos mercados globais, principalmente em commodities, tem aproximado os emergentes. Apesar de Lula afirmar que não quer usar o Brics como forma de se contrapor ao G7, seu discurso foi acompanhado com atenção pelos europeus, que apontaram para uma ofensiva clara do Brasil em buscar aliados para contestar as novas leis comerciais da UE.
A expectativa é que a questão das barreiras às exportações dos emergentes e a reforma do sistema internacional apareçam com destaque na declaração final do Brics, nesta semana.
Outro destaque em seu discurso foi o projeto de adoção de moedas nacionais para o comércio entre os membros do bloco. Nesse caso, o Banco dos Brics — NDB — teria um papel fundamental.
Ao diversificar fontes de pagamento em moedas locais, expandir sua rede de parceiros e ampliar seus membros, o NDB constitui uma plataforma estratégica para promover a cooperação entre países em desenvolvimento.
Lula
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