Coronavírus provoca encolhimento de Rodrigo Maia
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Há um novo Rodrigo Maia na praça. É muito parecido com o anterior, só que bem menor e menos estridente. Deve-se a mutação à crise do coronavírus.
É como se a biografia do presidente da Câmara tivesse sido infectada por um microorganismo que provoca o encolhimento.
Até aqui, Maia parecia presidir a Câmara com clarins implantados na traqueia. Jactava-se de ter aprovado a reforma da Previdência a despeito de Jair Bolsonaro.
Comportando-se como primeiro-ministro de um hipotético parlamentarismo branco, Maia prometeu tocar uma "agenda própria" de reformas econômicas e sociais.
De repente, Maia abdicou do protagonismo. Em entrevista à Folha, soou como se já não priorizasse as reformas liberais. Não faz mais questão de ostentar liderança.
"Hoje, o que me angustia e preocupa é, sob a liderança do Poder Executivo, mostrar à sociedade brasileira uma união para superar os próximos seis meses."
Maia já não fala em agendas próprias -nem na área econômica nem no setor social. Já não parece preocupado em alardear a independência do Legislativo.
"Queremos que o governo construa as soluções que vão minimizar os efeitos na saúde pública e na crise na vida das pessoas na área econômica e área social. O governo precisa liderar isso."
Antes, Maia ocupava espaços que a desarticulação do governo não conseguia preencher. Agora, queixa-se de Paulo Guedes por realçar o vazio legislativo.
"Não posso imaginar que, numa crise desse tamanho, o ministro tenha encaminhado uma lista de 19 projetos para transferir a responsabilidade para nós."
Até bem pouco, Maia estendia sua capacidade de articulação a todo o espectro ideológico —do petismo ao centrão. Subitamente...
Subitamente, revelou-se incapaz de evitar que os deputados se associassem aos senadores numa emboscada contra a responsabilidade fiscal.
"Geramos uma despesa de R$ 20 bilhões", disse, resignado, sobre a decisão do Congresso de ampliar o acesso de velhos miseráveis a uma pensão do Estado.
"A gente sabe que não tinha previsão Orçamentária", lamentou, antes de lavar as mãos: "Era uma votação da sessão do Congresso, que não sou eu que presido".
Mantido o diapasão da entrevista, todo o poder que Rodrigo Maia acumulou desde a gestão de Michel Temer logo caberá numa caixa de fósforos.
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