Josias de Souza

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Opinião

Na economia, Brasil age como cão que morde o próprio rabo

Alguém já disse que os economistas chamam a economia de "ciência maldita" porque é a única maneira de chamá-la de ciência. No fundo, a previsão econômica, como a quiromancia, depende das linhas e dos sinais das mãos de cada um. O Brasil meteu-se num círculo de suposições infalíveis que empurram a conjuntura para uma profecia autorrealizável. O que vem por aí é uma puxada no freio de mão, com forte desaceleração da atividade econômica.

A pretexto de reagir ao descontrole das contas nacionais e ao prometido protecionismo de Donald Trump, o mercado, esse ente inanimado, promove altas desenfreadas do dólar. A subida do câmbio puxa para cima a inflação. Com a carestia rodando acima da meta inflacionária anual, o Banco Central joga nas nuvens a taxa de juros. A elevação da Selic faz explodir a dívida pública. E o pacote fiscal que o governo desembrulhou para cortar as suas despesas fica obsoleto antes de ser aprovado pelo Congresso.

É como se o Brasil rodopiasse em torno dos mesmos problemas feito um cachorro louco que morde o próprio rabo. Ironicamente, essa economia de viés canino mastiga indicadores alvissareiros que agentes financeiros e economistas, agindo como ficcionistas que venceram na vida, não foram capazes de prever. O crescimento econômico deve bater em 3,5% neste ano de 2024. O mercado de trabalho ficou aquecido, o salário real cresceu.

Como as profecias econômicas vêm sempre com suas próprias justificativas embutidas, os economistas de fora do governo, com a reputação intacta, sustentam que o crescimento não é sustentável. E os economistas de dentro do governo providenciam as bruxarias que convertem boas notícias em providências malévolas. Operando com as técnicas infalíveis do vodu, enfiam suas agulhas nos bonecos errados.

Há sobre a mesa R$ 50 bilhões em emendas parlamentares e algo como R$ 520 bilhões em gastos tributários que mimam o patrimonialismo nacional com isenções de impostos e favores fiscais. Mas não se deve falar sobre isso em voz alta. Melhor passar na faca coisas como a política de reajuste do salário mínimo e os benefícios para pobres, idosos e deficientes. No Ano Novo, o crescimento econômico será menor. O desemprego, maior. Mas quem se importa? Os sinos do Natal abafam o uivo dos cachorros loucos!

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

29 comentários

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Caio Pandia de Oliveira Bastone

A imprensa não pode se esquivar do que está acontecendo na economia brasileira. Apoiando descaradamente um cidadão sabidamente mentiroso, sem nenhum conhecimento a não ser de produzir frases de efeito e enganar com promessas que só os tolos acreditaram, tiraram o foco dos graves problemas nacionais em todos os níveis, cujo desgoverno não tem planos, metas, gestão, não tem nada a não ser falar do passado. Hoje o Pinoquio disse que pobre não compra dólar, esquecendo o mesmo que entre os produtos importados, vários, como o trigo afetam  diretamente a todas as pessoas.  

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Genevaldo Ferreira

Essa elite, agora agraciada com R$ 520 bilhões em benefícios tributários, é a mesma que, desde as caravelas de Cabral, avança seus privilégios às custas do atraso do Brasil. Sob governos de todas as ideologias, perpetuaram um sistema que concentra riqueza e poder em suas mãos, sacrificando o potencial de desenvolvimento nacional. Com sua ganância insaciável, bloquearam o progresso social e econômico, condenando milhões à miséria. Esse modelo desigual não apenas fracassou em construir uma nação justa, mas também é o motor da violência crescente, fruto de um caos social cada vez mais insustentável.

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Silas Costa Ferreira Junior

Prezado Josias, você não entende nada de economia, exatamente como os "economistas" lulopetrankas. Faça um esforcinho e recupere o histórico do que aconteceu no desastroso governo dilmanta 2, para entender o que está acontecendo no governo janjo 3. (Nota: não me venham falar "e o governo do Bozo?"; eu abomino aquele cara, ademais ele não é presidente e nunca mais o será, então mudem o disco.)

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