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Marco Aurélio: 'Forças Armadas não embarcarão em aventura antidemocrática'
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O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, avalia que não se deve subestimar os propósitos de Jair Bolsonaro ao demitir do Ministério da Defesa o general Fernando Azevedo e Silva. Mas declara-se convencido de que "as Forças Armadas não embarcarão jamais em aventura antidemocrática."
Em entrevista à coluna, o ministro declarou: "Não há possibilidade de cogitar-se em um engajamento das Forças Armadas ao governo, passando o Exército, a Marinha e a Aeronáutica a serem Forças Armadas do governo, e não do Estado. Não há essa possibilidade. Conheço bem a cabeça dos militares."
Marco Aurélio conviveu com Azevedo e Silva na época em que o general atuou como assessor do então presidente do Supremo Dias Toffoli. Declara-se um admirador do comandante do Exército, general Edson Pujol, que também será substituído. "Eu já o vi falando. E o achei de uma concretude maior."
Instado a comentar a notícia de que Bolsonaro desejava que Pujol tivesse reprovado a decisão do relator da Lava Jato Edson Fachin de anular as condenações de Lula, Marco Aurélio disse: "Imagina! Não cabe uma coisa dessas. Cada qual na sua área. O soldado, em tempo de paz, deve estar no quartel."
"Fiz a Escola Superior de Guerra em 1983", contou Marco Aurélio. "Fui o xerife da turma, porque não havia general de divisão, só de brigada. E eu, na época ministro do Tribunal Superior do Trabalho, tinha, por assim dizer, a maior patente, a maior qualificação. Minha crença nas Forças Armadas brasileiras é inabalável."
Para Marco Aurélio, ainda que Bolsonaro tivesse intenções antidemocráticas ao trocar Azevedo e Silva pelo general Braga Netto, deslocado da Casa Civil para a Defesa, o desejo do presidente não seria respaldado pelas Forças Armadas.
"Tenho crença nas Forças Armadas como cidadão, como ex-integrante da Escola Superior de Guerra e também como integrante do Supremo. Acredito que a democracia brasileira veio para ficar."
Decano da Suprema Corte, Marco Aurélio prepara-se para a aposentadoria. Fará aniversário de 75 anos em 12 de julho. Encaminhou à presidência do tribunal ofício informando que vai pendurar a toga em 5 de julho. Disse esperar que Bolsonaro "seja feliz no ato de escolha do substituto, optando pelo melhor nome."
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