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Troca de móveis do Alvorada pede algum recato e muita investigação policial
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Nada chamou mais atenção na primeira semana do terceiro governo de Lula do que a visita de Janja ao Palácio da Alvorada. A mulher do presidente exibiu para uma rede de TV sinais de desmazelo na manutenção da residência oficial. Havia infiltração no teto, mesa com a quina roída, poltrona rasgada, tapete furado, cortina puída e vidraça trincada. Informou-se que 261 móveis haviam sumido. Decorridos mais de três meses, descobre-se que o novo governo comprou móveis novos e que 83 peças do mobiliário antigo ainda não foram encontradas.
Graças a um requerimento feito pela Folha com base na Lei de Acesso à Informação, o contribuinte ficou sabendo que apenas meia dúzia de móveis adquiridos pela Presidência —uma cama, um colchão king size, dois sofás e duas poltronas— lhe custaram R$ 196,7 mil. Só a cama do primeiro-casal saiu por R$ 42 mil. O sofá, R$ 65,1 mil. O revestimento é de couro italiano.
A República precisa assegurar ao presidente e à primeira-dama acomodações confortáveis. Mas num país desigual como o Brasil, onde tantos precisam se contentar com o mínimo, o suficiente para o bom funcionamento da residência oficial já pareceria um luxo. O couro da Itália e os mecanismos para reclinar a cabeça e elevar os pés entram na conta do desnecessário.
Num instante em que os brasileiros entregam suas declarações de Imposto de Renda à Receita Federal, fica-se com a impressão de que faltam duas coisas a esse enredo. Primeiro, falta uma noção qualquer de recato aos novos inquilinos do Alvorada. Segundo, falta um pedido de inquérito contra o casal Bolsonaro. O sumiço de 83 móveis requer muita investigação. É mobília para encher um caminhão de mudança. O dono desse patrimônio merece saber onde foram parar as peças.
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