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Abraçado a ditadores, Lula disputa liderança da oposição com Jair Bolsonaro
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Num instante em que o TSE pune Bolsonaro por ter sonhado com uma ditadura absoluta no Brasil, Lula afaga Fidel e Chávez e trata aberrações institucionais como a Venezuela de Maduro como uma democracia relativa. Se o antigo gabinete do ódio quisesse adubar o antipetismo que fez florescer a ultradireita nacional, não encontraria um jardineiro tão competente.
Dias atrás, Lula injetou na sua retórica um vocábulo bolsonarista para adular Maduro, recebido por ele com pompa em Brasília. Disse que a ditadura venezuelana não passa de "narrativa" de adversários. Foi contestado à direita pelo presidente do Uruguai e, à esquerda, pelo mandatário do Chile.
Agora, instado a explicar por que não enxerga o óbvio, Lula diz que "o conceito de democracia é relativo". Na teoria petista da relatividade, há ditaduras boas e ruins. A de Somoza, na Nicarágua, era malvada; a de Ortega, é boazinha. A de Batista, em Cuba, era perversa. A de Fidel, Raúl Castro e Díaz-Canel é espinho no pé do imperialismo.
Bolsonaro deu uma aula cívica ao país. Ensinou que democracia é o nome que os políticos dão ao povo quando precisam dele para evitar um mal maior. Para derrotar o capitão, Lula abraçou Alckmin e costurou sua frente ampla. Quem votou nele para salvar a democracia poderia agora ser convencido de que um mal menor não é necessariamente um mal. Mas Lula faz opção preferencial pelo desnecessário.
O companheiro deveria se aconselhar com Pepe Mujica, um amigo que governou o Uruguai com boa popularidade, sem mensalon nem petrolon. Mujica já declarou que "Maduro está louco como uma cabra". Enquanto mimar ditadores caprinos, Lula disputará com Bolsonaro o posto de líder da oposição.
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