Lula não vai atacar Campos Neto e o mercado mais... Nem menos!
As contas nacionais continuam na enfermaria. Mas Lula trocou momentaneamente o estímulo ao nervosismo da especulação financeira pelo sedativo. O efeito foi instantâneo. A temperatura do dólar caiu.
Roberto Campos Neto tirou férias. E Lula, indagado sobre o dólar a caminho do ato de lançamento do Plano Safra, preferiu falar de "arroz e feijão". Ao discursar, substituiu as pauladas no chefe do BC pela renovação do compromisso retórico com a responsabilidade fiscal.
Para prolongar os efeitos da sedação, Lula autorizou Fernando Haddad a passar na lâmina R$ 25,9 bilhões do Orçamento de 2025. Não resolve o problema. Longe disso. Mas até a semana passada o presidente dizia não saber se seria mesmo necessário cortar.
Contribuíram para o recuo tático de Lula os conselhos de economistas companheiros com os quais se reuniu na casa de Haddad, sexta-feira passada. Foi alertado para os os efeitos inflacionários da alta do dólar, com reflexos na taxa de juros e, sobretudo, nos humores do eleitorado.
Ficou entendido que a popularidade em 2026 dependerá também da prosperidade que Haddad for capaz de entregar. A trégua pode durar menos do que um suspiro. Lula está preso ao compromisso com a moderação por grilhões de barbante. Não pretende atacar Campos Neto e o mercado mais... Nem menos!
O Datafolha mostrou, em abril do ano passado, que 80% aprovavam a pressão de Lula pela queda dos juros. Folheando pesquisas mais recentes, Lula notou que o pescoço do chefe do BC continua sendo um ótimo degrau para chegar ao coração da maioria endividada. Campos Neto volta das férias no final do mês, às vésperas da próxima reunião da diretoria do BC sobre os juros. A língua do presidente já coça.
Opinião
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