Josmar Jozino

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Reportagem

Com sintomas covid-19, presos relatam descaso da Penitenciária de Brasília

Presos de uma ala da Penitenciária Federal de Brasília relataram aos familiares no dia de visita que estão com sintomas de covid-19 — como febre alta, tosse, falta de ar, dores muscular e na garganta —, mas não recebem atendimento adequado.

A ala abriga prisioneiros ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital). A maioria foi transferida da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau (SP), a pedido do MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo) sob a alegação de integrar a facção criminosa e participar de plano de fuga.

Parentes e a advogada de Célio Marcelo da Silva, conhecido como Bin Laden, procuraram a reportagem, durante a semana, e disseram que estão preocupados com a saúde do prisioneiro e até mesmo de outros detentos recolhidos na unidade.

Questionada pela reportagem, a SENAPPEN (Secretaria Nacional de Políticas Penais) comunicou que "segundo o Código de Ética Médica e resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM), o sigilo de informações de saúde é simultaneamente direito do paciente e dever do profissional".

Segundo a SENAPPEN, "as informações de saúde de qualquer pessoa são sigilosas e privativas". O órgão acrescentou que os "presos custodiados no Sistema Penitenciário Federal têm toda a assistência necessária de acordo com suas necessidades individuais, como prevê a Lei de Execução Penal.

A SENNAPEN ressaltou que "qualquer informação individualizada sobre os custodiados não é divulgada por razões legais ou de segurança e completou afirmando que zela pela integridade dos presos nas penitenciárias federais e pelo fiel cumprimento da Lei de Execução Penal".

Testamento pronto

Familiares de Bin Laden disseram que o preso emagreceu oito quilos e nesta semana sentia-se muito fraco, desnutrido, não caminhava direito, tinha febre alta e muitas dores no corpo. Conforme os parentes, os sintomas eram semelhantes aos de covid-19.

Marlúcia Fernandes, advogada de Célio Marcelo da Silva, enviou petição à direção da unidade solicitando atendimento de emergência ao cliente. A defensora pediu, ainda, o prontuário médico atualizado do preso e informações sobre como está o tratamento dele. A defensora diz que até agora não teve resposta da unidade.

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Segundo a advogada, o prisioneiro está doente há 15 dias e o problema de saúde dele só evolui. Marlúcia contou que na última visita que a mulher do preso fez ao marido, ele implorou por ajuda, revelou que não conseguia se equilibrar, disse que iria morrer e comentou até sobre o testamento.

A coluna apurou que outros presidiários da mesma ala onde Bin Laden está recolhido também relataram aos parentes queixas de sintomas de covid-19. Há informações de que os presos doentes são atendidos por enfermeiro porque não há médico na penitenciária.

No último dia 4, Cynthia Gigliolli Herbas Camacho, mulher de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, apontado como líder máximo do PCC, procurou a imprensa para informar que o marido passava fome na Penitenciária Federal de Brasília e tinha emagrecido 20 kg devido à falta de comida.

A SENAPPEN rebateu as queixas de Cynthia e informou em nota que os presos do Sistema Penitenciário Federal têm assistência material e recebem, além de alimentação adequada, vestuário e produtos de higiene, como prevê a Lei de Execução Penal.

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