Detentos relatam sofrer agressões e torturas de agentes em presídio de SP
![Marca nas costas de preso que relatou ter sido agredido Marca nas costas de preso que relatou ter sido agredido](https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/cd/2023/10/04/marca-nas-costas-de-preso-que-relatou-ter-sido-agredido-1696431490185_v2_450x450.jpg)
Agentes do GIR (Grupo de Intervenção Rápida), conhecido como tropa de choque do sistema prisional paulista, são acusados por presos de agredi-los com chutes, socos e pontapés, no dia 4 de setembro, nos pavilhões 1 e 3 da Penitenciária de Valparaíso (no interior paulista).
As denúncias de agressões foram feitas ao Nesc (Núcleo Especializado de Situação Carcerária|), subordinado à Defensoria Pública do Estado de São Paulo. Quatro defensores estiveram no presídio no mês passado e ouviram relatos dos presos. A Secretaria da Administração Penitenciária afirmou ao UOL que apura as denúncias.
O Nesc recebeu diversas reclamações de violações de direitos dos presos, incluindo a proibição de visitas. Durante a inspeção realizada na unidade, os defensores conversaram com a diretoria da penitenciária, que confirmou o ingresso dos homens do GIR no presídio no dia 4 do mês passado.
Os defensores conversaram com os presos. Os detentos disseram que a confusão começou após um desentendimento entre um prisioneiro e um funcionário e, por conta disso, todos os presidiários da cela 105 foram encaminhados para o castigo na Penitenciária 1 de Presidente Venceslau.
Segundo apuraram os defensores, após a incursão do GIR todos os presos dos dois pavilhões foram submetidos à revista geral sob violência física e psicológica. Os prisioneiros narram que no pavilhão 1 as agressões aconteceram das 7h às 9h e no pavilhão 3, das 9h às 11h.
Corredor polonês
![Marcas de lesão nas costas de preso que relatou ter sido agredido Marcas de lesão nas costas de preso que relatou ter sido agredido](https://conteudo.imguol.com.br/c/noticias/de/2023/10/04/marcas-de-lesao-nas-costas-de-preso-que-relatou-ter-sido-agredido-1696431591725_v2_450x450.jpg)
Os presos contaram que os agentes pronunciaram xingamentos, desferiram socos, chutes e golpes com cassetetes. Eles disseram ainda que foram obrigados a ficar nus e a correr num corredor polonês, enquanto os homens do GIR disparavam balas de borracha e bombas de efeito moral.
Há relatos também de que houve uso de spray de pimenta. Os defensores constataram lesões nas costas de dois prisioneiros. Na avaliação do Nesc, a ação do GIR "teve o propósito de ridicularizar, degradar e desumanizar os presos, submetendo-os a sofrimentos físicos e psicológicos.".
Um grupo de presos revelou aos defensores que teve de ficar ajoelhado no pavilhão 3. Os detentos afirmaram que levaram chineladas no rosto e receberam vários chutes, enquanto um agente pichava a palavra GIR no lado direito da parede da cela 317.
Depois da incursão, os presos da cela 105, do pavilhão 1, foram removidos para a P-1 de Venceslau. Trata-se de uma unidade de castigo que abriga presos de todas as facções criminosas, acusados de cometer falta grave no sistema prisional.
Os presidiários afirmaram também que o ingresso do GIR nos pavilhões contou com o apoio de cães ferozes. Eles acrescentaram que não têm condições de identificar os agressores, porque os agentes usavam toucas ninjas e capacetes.
A Defensoria Pública chegou a cobrar da direção da unidade a realização, com urgência, de exames de corpo de delito nos presos agredidos. Segundo os defensores, alguns dos presidiários estavam com feridas abertas e sem tratamento. Para o Nesc, o caso "constitui verdadeiro ato de tortura".
Em nota enviada ao UOL, a Secretaria da Administração Penitenciária afirmou que, "assim que a denúncia de agressão a presos chegou ao conhecimento da direção da Penitenciária de Valparaíso", a unidade abriu um procedimento apuratório "a fim de checar a veracidade do fato e, se houver, a responsabilidade dos agentes nesse episódio".
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