Josmar Jozino

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Reportagem

Caso Gritzbach: Celular e pix traem acusado de ajudar olheiro do PCC

Matheus Soares Brito, 19, acusado de dar fuga a Kauê do Amaral Coelho, 23, apontado como olheiro dos assassinos de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, morto a tiros em 8 de novembro no aeroporto internacional de Guarulhos, esteve com o comparsa no Rio de Janeiro, segundo a Polícia Civil de São Paulo.

O assassinato completa um mês hoje e Matheus Soares é o único preso acusado de envolvimento no crime. Kauê e outro parceiro, Matheus Augusto de Castro Mota, 33, estão com prisão temporária decretada e continuam foragidos, assim como os dois homens que mataram a vítima.

Evidências da relação de Matheus com Kauê

Investigações do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) afirmam que uma ERB (Estação Rádio Base) captou os sinais dos telefones celulares de Matheus Soares e Kauê no Rio de Janeiro, onde o olheiro ficou foragido após o crime, entre os dias 11 e 20 de novembro.

O DHPP diz ainda que o sigilo financeiro de Kauê foi quebrado e mostrou uma transferência feita por ele, via pix, em nome de Matheus Soares, em 17 de novembro, para a rua Euclides Pacheco, 1.819, no Tatuapé, zona leste de São Paulo, endereço cadastrado pelos dois para o servido de iFood.

Ontem, policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) prenderam Matheus Soares e o conduziram até o DHPP. Um casal estava com ele no momento da detenção e também foi levado para o departamento. Gisele e Jean Alves da Silva foram liberados.

O delegado Osvaldo Nico Gonçalves, chefe da força-tarefa criada para apurar a morte de Gritzbach, disse que Matheus Soares confessou ser integrante do PCC (Primeiro Comando da Capital) e admitiu ter dado fuga para Kauê até o Rio de Janeiro.

Já Eduardo Kuntz, defensor do preso, afirmou que o cliente nem foi ouvido oficialmente, não integra organização criminosa e não teve envolvimento no assassinato de Gritzbach. O advogado acrescentou que Matheus Soares irá depor na próxima sexta-feira e que provará a inocência dele no momento oportuno.

Na sexta-feira, PMs da Rota tinham prendido Marcos Henrique Soares Brito, 23, irmão de Matheus Soares, e o tio deles, Allan Pereira Soares, 44. Os militares disseram ter apreendido munição de fuzis com os dois. Eles negaram, como informou ontem esta coluna.

"Intrujou munição"

Familiares de ambos alegaram que a Rota "intrujou" munição no Ford Fiesta de Allan e na moto de Marcos. Na tarde de ontem, a juíza Júlia Petelli da Guia mandou soltar os dois por entender que a prisão foi ilegal e não havia nos autos elementos para comprovar a situação de flagrante.

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A reportagem procurou a Secretaria Estadual da Segurança Pública e indagou se as imagens das câmeras corporais acopladas às fardas do PMs da Rota responsáveis pelas detenções de Marcos e Allan tinham sido analisadas para comprovar ou não a legalidade das ações dos militares. Em nota, a assessoria da pasta respondeu que "a força-tarefa segue em diligências, as investigações seguem em sigilo e maiores informações serão preservadas para garantir a autonomia do trabalho policial".

A assessoria informou também que "as Corregedorias das Polícias Civil e Militar acompanham as investigações para que todas as medidas pertinentes sejam adotadas, reiterando o compromisso e respeito às leis, à transparência e à imparcialidade".

Investigações do assassinato de Vinícius Gritzbach

Oito dias antes de ser assassinado, Gritzbach havia delatado às autoridades integrantes do PCC e policiais civis envolvidos em casos de corrupção. Agentes da força-tarefa disseram à reportagem que um dos homens que atirou na vítima e um dos mandantes do crime já foram identificados.

Além de Kauê, o sócio dele, Matheus Mota, 33, acusado de ceder à quadrilha dois veículos usados no crime, também teve a prisão temporária de 30 dias decretada pela justiça e não foi encontrado. Agentes da força-tarefa temem que ele possa ser assassinado pelo PCC como "queima de arquivo".

Reportagem

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