Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Auxílio emergencial de R$ 150 comprará só 23% da cesta básica em São Paulo
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O novo auxílio emergencial será de apenas R$ 150 em quatro parcelas mensais para cerca de 20 milhões de beneficiados. O valor é suficiente para comprar 23% da cesta básica em São Paulo, 29%, em Belém e 31%, em Salvador, de acordo com levantamento mensal feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
De acordo com informações do jornal O Estado de S.Paulo, esse grupo envolve pessoas que vivem sozinhas. Outros 16,7 milhões de beneficiários moram com outras pessoas no domicílio e receberão R$ 250 - ao contrário do ano passado, apenas uma pessoa por casa poderá receber. Esse montante é suficiente para comprar 39%, 49% e 52% da cesta básica nas capitais paulista, paraense e baiana, respectivamente.
Já um benefício de R$ 375 será pago a 9,3 milhões de mulheres que são as únicas provedoras da família. Essa mãe vai poder comprar 59% da cesta em São Paulo, 73% em Belém e 78% em Salvador. Mais de 28 milhões que receberam no ano passado ficarão de fora agora, de acordo com a Rede Renda Básica Que Queremos.
Há pacotes de produtos chamados de "cestas básicas" à venda na internet e em supermercados com valores mais baixos que esses. Mas eles não incluem alimentos frescos, como carnes e legumes, por exemplo, e não garantem alimentação nutricionalmente balanceada e suficiente para um trabalhador adulto sobreviver.
Mas a cesta do Dieese não inclui aluguel, luz elétrica, água, telefone, transporte. E a ajuda será bem menor que a do ano passado, quando duas pessoas na mesma casa podiam receber as parcelas de R$ 600 e, depois, de R$ 300. Agora, o benefício não vai cobrir nem uma cesta básica decente, que dirá os outros gastos relacionados à manutenção de um domicílio.
O pagamento do auxílio emergencial derrubou a pobreza extrema de 11% da população, em 2019, para 4,5% em agosto do ano passado, segundo cálculos da FGV Social. Com o fim das parcelas, saltou para 12,8% em janeiro deste ano. São quase 27 milhões de pessoas na miséria, indo dormir com fome à noite em meio à pandemia.
Os valores de R$ 150, R$ 250 ou R$ 375 mensais de novo auxílio emergencial são insuficientes para a sobrevivência com dignidade em meio à segunda onda da pandemia. Mas cabem nas pretensões eleitorais da Presidência da República.
O Óleo de Peroba no município de São Paulo foi encontrado a R$ 13,40 - média obtida após a consulta em três estabelecimentos. Com R$ 150, é possível adquirir 11 frascos de 200 ml, com R$ 250, 18 unidades, e com R$ 375, 28 garrafinhas.
O Óleo de Peroba não está na cesta básica do Dieese e uma família sobrevive tranquilamente sem o produto. O mesmo não pode ser dito dos responsáveis pela política do novo auxílio emergencial.