Bolsonaro vira piada em tabloides britânicos após reunião com Boris Johnson

Jair Bolsonaro conseguiu ser unanimidade negativa entre tabloides sensacionalistas do Reino Unido, da direita e da esquerda, após demonstrar satisfação ao afirmar não ter se vacinado contra a covid-19. Ele estava em uma reunião, em Nova York, nesta segunda (20), com o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson - que recomendou aos presentes se imunizarem. O presidente brasileiro está na cidade para a abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Jornais também recuperaram declarações de Bolsonaro, de dezembro do ano passado. Criticado por demorar em adquirir vacinas para combater a pandemia, ele disse que a Pfizer não se responsabilizava por efeitos colaterais. E afirmou: "Se você virar um jacaré, é problema seu, pô. Não vou falar outro bicho, porque vão pensar que eu vou falar besteira aqui, né? Se você virar super-homem, se nascer barba em alguma mulher aí ou algum homem começar a falar fino".

Os jornais também criticaram o presidente pelo aumento no desmatamento da Amazônia.

Diante da situação, o conservador Boris Johnson, que foi duramente criticado em seu país por seu comportamento negacionista no início da pandemia, apareceu como um estadista sensato.

A seguir, trechos de apenas dois tabloides, o Mirror, mais à esquerda, e o Daily Mail, mais à direita:

Mirror:

"Boris Johnson quebrou o protocolo diplomático ao dizer para o presidente brasileiro Jair Bolsonaro ir se vacinar contra o coronavírus. Em uma reunião nas Nações Unidas, em Nova York, o primeiro-ministro sugeriu ao negacionista da covid, que se recusa a se vacinar, que fizesse isso."

"Bolsonaro se gabou de ter desenvolvido 'excelente' imunidade contra a doença que matou quase 600 mil brasileiros."

"Johnson disse que estava 'encantado' em conhecer o líder populista de extrema direita que disse que 'seria incapaz de amar um filho gay', descreveu uma parlamentar como 'não digna' de ser estuprada e que rotulou os imigrantes como 'a escória da Terra'."

"À medida em que a imprensa era conduzida para fora da sala, Johnson disse a eles: 'Obrigado a todos, tomem vacinas da AstraZeneca'. Virou-se para Bolsonaro e disse 'eu tomei duas vezes'. O líder brasileiro, que disputa a reeleição, apontou para si mesmo e balançou o dedo, dizendo 'ainda não' por meio de um intérprete antes de rir."

"Ele já havia feito afirmações bizarras sobre vacinas, incluindo que elas podem transformar pessoas em jacarés."

"Isso aconteceu depois que Boris Johnson disse aos líderes mundiais que ele estava ficando 'cada vez mais frustrado' com o fato que seus compromissos para enfrentar a crise climática 'não estão nem perto do suficiente'. Bolsonaro é um notório cético do clima e tem governado sobre uma onda de desmatamento da Amazônia."

Daily Mail:

"Boris Johnson exortou o presidente antivacina do Brasil, Jair Bolsonaro, a tomar doses da AstraZeneca enquanto ele elogiava seu próprio sucesso na luta contra a pandemia do coronavírus."

"Quando a imprensa foi conduzida para fora da sala principal, Johnson acrescentou: 'Obrigado a todos, tomem AstraZeneca. Já tomei duas vezes.' No entanto, Bolsonaro apontou para si mesmo e balançou o dedo antes de responder 'ainda não' por meio de um intérprete."

"Durante a reunião, os dois líderes discutiram suas próprias lutas contra infecções por coronavírus, antes de Bolsonaro dizer que havia desenvolvido uma 'excelente' imunidade à doença."

"No ano passado, Bolsonaro foi recebido com críticas após atacar as vacinas contra o coronavírus e alegar que a injeção da Pfizer poderia transformar as pessoas em jacarés e também afirmar que ela poderia fazer com que barba crescesse nos rostos de mulheres."

"Bolsonaro, que se recuperou da covid-19 no ano passado, insistiu em várias ocasiões que não tomará a vacina. Ele disse anteriormente: 'Algumas pessoas dizem que estou dando um mau exemplo. Mas para os imbecis, para os idiotas que falam isso, eu digo que já peguei o vírus, tenho os anticorpos, então por que me vacinar?"

"Bolsonaro recentemente foi alvo de críticas internacionais por suas ações para reverter a proteção legal para a floresta amazônica, acelerando o desmatamento."