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Leonardo Sakamoto

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Após atacar confiança na urna, PL elege pela urna maior bancada da Câmara

 Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, ao lado de Jair Bolsonaro  - Divulgação/PL
Valdemar da Costa Neto, presidente do PL, ao lado de Jair Bolsonaro Imagem: Divulgação/PL

Colunista do UOL

03/10/2022 11h25

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Através das urnas eletrônicas, o PL elegeu a maior bancada para Câmara dos Deputados, neste domingo (2), com, a princípio, 99 assentos - 23 a mais que na atual legislatura. Isso ocorre após o partido do presidente Jair Bolsonaro ter produzido e divulgado um relatório dizendo que as urnas eletrônicas são inseguras e, portanto, não são confiáveis.

O PL elegeu expoentes do bolsonarismo, todos com expressivas votações registradas pela urna eletrônica e pelo sistema de totalização do Tribunal Superior Eleitoral.

Por exemplo, o vereador Nikolas Ferreira teve 1,49 milhão de votos, sendo o mais votado não só de Minas Gerais, mas de todo o país. O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi o quarto mais votado em São Paulo, e o General Pazuello, o segundo mais votado no Rio. Isso, além de reeleger nomes como Carla Zambelli e Eduardo Bolsonaro.

A segunda maior bancada pertencerá à federação de PT, PC do B e PV que, juntos, reúnem, 80 deputados - 12 a mais que hoje.

Marcelo Rocha e Ranier Bragon, da Folha de S.Paulo, revelaram que o PL pagou, ao menos R$ 225 mil ao Instituto Voto Legal que produziu para o partido um relatório, divulgado no último dia 28, que questiona a segurança das urnas.

O TSE afirmou que "as conclusões do documento intitulado 'resultados da auditoria de conformidade do PL no TSE' são falsas e mentirosas, sem nenhum amparo na realidade, reunindo informações fraudulentas e atentatórias ao Estado democrático de Direito e ao Poder Judiciário, em especial à Justiça Eleitoral, em clara tentativa de embaraçar e tumultuar o curso natural do processo eleitoral".

Esse cenário vai ao encontro das mentiras que o presidente Jair Bolsonaro, principal filiado do PL, professou durante anos, sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas. Ironicamente, ele e seus filhos se elegeram praticamente durante toda a carreira recebendo votos com a urna.

Na noite deste domingo, na coletiva que deu à imprensa, ele não reclamou de ter recebido via urnas eletrônicas, 43% dos votos diante dos 48% de Lula.

O bolsonarismo passou meses pregando que o TSE conta com uma sala secreta onde os votos são manipulados por barbudos de vermelho trajando camisetas do Che e comendo sanduíches de mortadela enviados pela Venezuela.

No dia 28, o presidente do tribunal, Alexandre de Moraes, mostrou a aliados de Bolsonaro o setor de totalização de votos - uma repartição pública comum com paredes de vidro.

Isso ocorreu pouco depois do presidente afirmar, em uma live, que as Forças Armadas iriam colocar técnicos dentro da "sala-cofre" do Tribunal Superior Eleitoral. De acordo com ele, um lugar em que "ninguém sabe o que acontece lá dentro". Algo que foi desmentido pelo próprio presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, que disse na visita que não havia sala secreta.

Com isso, o presidente segue o padrão que adotou por toda a vida. Ao votar, neste domingo, o presidente disse que respeitaria o resultado das urnas se fossem "limpas". Pelo visto, limpa é toda eleição que ele curte o resultado.