Leonardo Sakamoto

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Opinião

IBGE despreza boa notícia do governo Lula ao comparar banana com laranja

Ao afirmar que o desemprego "subiu", quando ele caiu comparado com trimestres semelhantes nos últimos dez anos, o IBGE perdeu uma chance de dar uma boa notícia ao governo Lula.

O primeiro trimestre sempre tem uma alta na desocupação em comparação ao último do ano, mais aquecido por causa das contratações temporárias do Natal e Ano-Novo. Ou seja, a comparação entre trimestres tem que ser feita com parcimônia.

O desemprego no trimestre encerrado em março deste ano foi de 7,9% segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) Contínua. A taxa é mais baixa que os 8,8% do mesmo período de 2023 e beeeeem mais baixa que os 11,1% daquele em 2022.

A taxa de desocupacão do trimestre é, aliás, a menor para esse período do ano desde 2014, ou seja, nos últimos dez anos, quando ela marcou 7,2%.

Entre outubro e dezembro de 2023, contudo, ela foi de 7,4%. E o próprio instituto afirma que "o movimento sazonal desse trimestre não anula a tendência de redução da taxa de desocupação observada nos últimos dois anos".

Mas o próprio IBGE ignorou isso ao usar como título de seu release à imprensa "Taxa de desocupação sobe para 7,9% e população ocupada tem redução de 0,8%". O "sobe" acabou sendo largamente adotado por textos que tratam do tema. Em outro texto, o instituto colocou apenas "PNAD Contínua: taxa de desocupação é de 7,9% e taxa de subutilização é de 17,9% no trimestre encerrado em março", mas não causou a repercussão do primeiro entre os veículos de comunicação.

Olhando para os dados crus e ignorando a sazonalidade, o título não está incorreto. Mas é comparar laranja com banana. O que não condiz com um instituto de excelência como o IBGE.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL