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Mauricio Stycer

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Morte de Jô Soares lembra a falta que fazem bons programas de humor

Globo/Zé Paulo Cardeal
Imagem: Globo/Zé Paulo Cardeal

11/08/2022 04h00

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Sob impacto da notícia da morte de Jô Soares (1938-2022) na sexta-feira (5), a primeira reação da Globo, ainda no dia, foi reexibir um episódio do "Viva o Gordo" no final da noite, após o "Globo Repórter".

Freud explica.

Junto com o nascimento da TV, em 1950, vieram os programas de humor. Inicialmente meras reproduções de atrações do rádio, eles foram ganhando identidade e se tornaram parte essencial da programação de quase todas as emissoras.

Nascida em 1965, a Globo não procurou inovar neste quesito. Nem havia como. Era praticamente obrigatório o investimento em programas de humor naqueles tempos. Não demorou muito para a emissora carioca conquistar para o seu elenco duas das maiores estrelas do gênero, Chico Anysio e Jô Soares.

O que ambos fizeram na Globo hoje faz parte da história da televisão. Os obituários de Jô foram fartos em lembranças de grandes momentos do comediante de "Faça Humor, Não Faça Guerra", "Satiricom", "Planeta dos Homens", "Viva o Gordo" e tantos outros.

O subtexto de tantas lembranças é irônico. A Globo deixou de produzir programas de humor para a TV aberta em 2020. No ano seguinte, o projeto de um humorístico que estava sendo criado foi suspenso e engavetado.

Diferentes gerações produziram humor de qualidade na Globo. "TV Pirata", "Casseta & Planeta" e "Tá no Ar", para citar apenas três, são filhos e netos dos programas que Chico e Jô fizeram.

Em 2022, a faixa reservada ao humor, aos sábados, foi definitivamente "enterrada". O "Altas Horas", de Serginho Groisman, deixou de ir ao ar no final da noite e ocupou o horário que tradicionalmente era dedicado ao riso.

Em julho, a Globo lançou, no YouTube, o "Novelei", um programa de humor realizado em parceria com a plataforma de vídeos. Encabeçado por Paulo Vieira, o grande talento recente que a emissora encontrou, a atração brinca com o universo das novelas com ironia e inteligência, mas está longe de ser um programa popular, para a TV aberta.

Outro grande talento da Globo no campo do humor, Marcelo Adnet, segue pouco aproveitado pela emissora. Fabio Porchat e Tatá Werneck conseguiram espaço para atrações que exibiram originalmente na TV por assinatura, e que também não têm a pegada da TV aberta.

Como bem lembrou a Globo ao homenagear Jô Soares, bons programas de humor produzem impacto. Porque humor de qualidade provoca, incomoda, causa polêmica, gera debate. Em 2022, a ausência de atrações deste tipo na grade, reduz a relevância de sua programação.

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