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Observatório das Eleições

Disputa acirrada em Maceió mira a sucessão para o governo estadual em 2022

Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB) e JHC (PSB), candidatos à prefeitura de Maceió - Divulgação/MP-AL e Cleia Viana/Câmara dos Deputados
Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB) e JHC (PSB), candidatos à prefeitura de Maceió Imagem: Divulgação/MP-AL e Cleia Viana/Câmara dos Deputados

13/10/2020 04h01

Luciana Santana*

Na última sexta-feira (9), o Ibope e a TV Gazeta divulgaram resultados da primeira pesquisa de intenção de votos que aponta para uma disputa acirrada entre os dois primeiros colocados. Dentre as dez candidaturas registradas, Alfredo Gaspar de Mendonça (MDB) e JHC (PSB), tecnicamente empatados com 26% e 25%78 respectivamente, são os dois nomes mais fortes na competição, e podem levar a definição da eleição para o segundo turno.

img1 - Pesquisa Ibope/TVGazeta de Alagoas 09/10/2020 - Pesquisa Ibope/TVGazeta de Alagoas 09/10/2020
Intenção de voto estimulada - Maceió
Imagem: Pesquisa Ibope/TVGazeta de Alagoas 09/10/2020

A soma da intenção de votos nos demais candidatos é de 26%. Cícero Almeida (DC) tem 10%, Davi Davino (Progressitas) 5% e Lenilda Luna (UP) tem 3%. Josan Leite (Patriota), Ricardo Barbosa (PT) e Valéria Correia (Psol) têm 2% cada um. Cícero Filho (PC do B) e Corintho Campelo (PMN) também têm 1% cada.

Com o fim das coligações para eleição proporcional, uma das estratégias dos partidos de esquerda na capital tem sido impulsionar e dar visibilidade às candidaturas a vereador (a). A despeito dos demais partidos de esquerda, chama a atenção a intenção de votos da candidata Lenilda Luna, filiada ao mais novo partido político registrado no TSE, Unidade Popular (UP), que alcançou 3% na primeira pesquisa do Ibope.

Rejeição dos candidatos

Ainda de acordo com os dados da pesquisa Ibope, Cícero Almeida (DC), ex-prefeito e ex-deputado federal, é o candidato com menor potencial de crescimento, já que apresenta a maior taxa de rejeição. 49% dos entrevistados responderam que não votariam nele de jeito nenhum.

JHC é rejeitado por 21% dos entrevistados e Alfredo Gaspar de Mendonça por 17%. Os demais candidatos tiveram rejeição abaixo de 15%, conforme pode ser observado na figura a seguir.

img2 - Fonte: Pesquisa Ibope/TVGazeta de Alagoas 09/10/2020 - Fonte: Pesquisa Ibope/TVGazeta de Alagoas 09/10/2020
Taxa de rejeição aos candidatos à prefeitura de Maceió
Imagem: Fonte: Pesquisa Ibope/TVGazeta de Alagoas 09/10/2020

Uma disputa municipal com olhares voltados para 2022

Apesar da pesquisa apontar uma disputa acirrada, centrada nos dois primeiros colocados, e do tempo curto de campanha, é possível que outros candidatos cresçam até o dia das eleições. Mas pouco provável que alterem a situação atual. Podem, no entanto, ser peças estratégicas na composição de apoios aos candidatos em um eventual segundo turno.

Além do comando da capital, a disputa pelo governo do estado também faz parte do baralho eleitoral em Maceió.

Alfredo Gaspar de Mendonça é apoiado pelo governador Renan Filho (MDB) e também pelo atual prefeito, Rui Palmeira (sem partido). Há menos de um ano, ter os dois governantes lado a lado apoiando o mesmo candidato pareceria algo improvável. Todavia, os embates internos com a direção do PSDB estadual, que não aceitou a indicação de um nome próprio do partido para a disputa na capital, levaram à desfiliação de Rui e sua aproximação do governador, desde o início do ano.

Mendonça foi secretário da segurança pública no primeiro mandato de Renan Filho e pediu exoneração do cargo de procurador do estado para disputar a eleição. Seu candidato a vice é Tácio Melo (Podemos) indicado por Rui Palmeira. O lema de sua campanha é "pulso firme", em referência aos êxitos de sua gestão no combate à criminalidade no estado.

Caso ele seja eleito prefeito, o governador ganha um reforço para a disputa ao Senado Federal em 2022, e Rui Palmeira à sucessão do governo estadual.

A disputa ao governo do estado também faz parte da ambição política de outros candidatos. O deputado federal João Henrique Caldas (JHC), filho do ex-deputado federal João Caldas e da ex-prefeita de Ibateguara, Eudócia Caldas, também quer ser eleito e influenciar a sucessão ao governo em 2022, apoiando o - possivelmente candidato - senador Rodrigo Cunha (PSDB). Seu vice é Ronaldo Lessa (PDT), ex-deputado federal, ex-governador de Alagoas e ex-prefeito de Maceió. O lema da campanha de JHC é "Prefeito de Verdade" e tem sido incisivo nas críticas às atuais gestões, tanto no estado, quanto em Maceió.

Candidatos bolsonaristas

Na última eleição presidencial, a capital alagoana deu proporcionalmente mais votos ao então candidato e atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) do que as demais capitais do nordeste, tanto no primeiro quanto no segundo turno.

Muito embora vários dos atuais candidatos tenham declarado voto em Bolsonaro em 2018, apenas um candidato à prefeitura de Maceió, Josan Leite, se declara apoiador incondicional de Bolsonaro neste ano. Os demais candidatos não trouxeram Bolsonaro para a eleição municipal (pelo menos até então). Nem mesmo Davi Davino, apoiado pelo líder do "centrão", Arthur Lira (Progressista).

Pandemia e desafios para as campanhas na capital

Apesar dos dados apresentados pela pesquisa do Ibope e das intenções futuras dos candidatos, é fundamental para os candidatos aproveitar o tempo disponível para campanhas e convencer o eleitor não apenas de que são melhores candidatos (as) à sucessão na capital, mas também de que é necessário ir às urnas votar em meio a uma pandemia.

Como há uma determinação da Justiça Eleitoral do estado para que os candidatos cumpram os decretos sanitários de controle do coronavírus, especialmente quanto ao distanciamento social, a campanha digital nas redes sociais e a propaganda de rádio e TV podem ser um diferencial na comunicação entre candidatos e eleitores. Mas ainda é cedo para fazer essa avaliação.

* Luciana Santana é mestre e doutora em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais, com estância sanduíche na Universidade de Salamanca. É professora adjunta na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), líder do grupo de pesquisa: Instituições, Comportamento político e Democracia, e atualmente ocupa a vice-diretoria da regional Nordeste da ABCP.

Esse texto foi elaborado no âmbito do projeto Observatório das Eleições de 2020, que conta com a participação de grupos de pesquisa de várias universidades brasileiras e busca contribuir com o debate público por meio de análises e divulgação de dados. Para mais informações, ver: www.observatoriodaseleicoes.com.br