Topo

Reinaldo Azevedo

Os Bolsonaros estado-dependentes e a pistola que compensa baixa autoestima

 Quem sai aos seus não degenera. Mas também não melhora. A bolsonarada toda reunida. E lá está Eduardo com a sua pistola na cintura... - Reprodução/Twitter
Quem sai aos seus não degenera. Mas também não melhora. A bolsonarada toda reunida. E lá está Eduardo com a sua pistola na cintura... Imagem: Reprodução/Twitter

Colunista do UOL

04/12/2020 07h34

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Ai, ai... O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) publicou uma foto nas redes sociais, selfie feita por Flávio, o enrolado irmão que é senador, em que os Bolsonaros aparecem juntos no Palácio do Planalto: também estão em companhia de Jair, o pai de todos, Carlos e Jair Renan. A legenda da foto é piada involuntária:
"A deles é nos desunir; a nossa é não parar de trabalhar".

É mesmo?

Quem pretende desunir os Bolsonaros? Deus meu livre dessa hora! Quem fosse bem sucedido na empreitada seria obrigado a ficar com um ou dois deles. Vá lá: de vez em quando, a gente pode se permitir desejar uma maldade aos inimigos, né? Assim, façam bom proveito!

"A nossa é não parar de trabalhar?" Quem ali já teve um emprego que não dependesse de dinheiro público? A incrível loja de chocolates de Flávio, como vocês sabem, é mais assunto da área policial do que empresarial, não é mesmo?

E, claro, lá estava Eduardo com um trabuco na cintura. Qual é o problema desse rapaz? Todos conhecemos o lobby que a família faz, não sei se remunerado, para a indústria de armas. Mas por que portar uma pistola no local mais seguro do país? Certamente não é para se defender ou a terceiros.

Trata-se de mais uma exibição patológica de poder. Sem a dita-cuja, esse cara não deve se sentir, como posso dizer?, homem o suficiente. Já se deixou fotografar armado em visita ao pai num hospital e em companhia do apresentador Silvio Santos. Em todas as ocasiões, ele não corria risco nenhum.

A pistola, parece, lhe confere uma identidade e faz que se veja como aquilo que gostaria de ser. Um estudioso do comportamento humano não teria dificuldades de concluir que há ali, a despeito da arrogância agressiva, um grave problema de autoestima e de insegurança. Precisa de um divã. Mas creio que nenhum terapeuta o aceitaria com um falo metafórico na cintura que pode matar sem metáfora.

Fosse apenas uma questão privada, ele que se virasse. Mas é mais do que isso. Eduardo é filho do presidente e influencia o comportamento de muitos seguidores da família Bolsonaro.

O número de homicídios voltou a crescer no Brasil. Quase 80% dos assassinatos são praticados por intermédio de arma de fogo.

Há sinais de que a vulgaridade e a truculência estão em baixa. Tomara que assim seja. E, é certo, Eduardo não vai procurar ajuda. Ele já tem a pistola na cinta.