Raquel Landim

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Reportagem

Divulgação de tabela do IR junto com corte fiscal rachou auxiliares de Lula

A decisão de divulgar a correção da tabela do IR (Imposto de Renda) ao mesmo tempo que o pacote de corte de gastos rachou os auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Segundo apurou a coluna, integrantes da equipe econômica eram contra o "timing" porque acreditavam que o impacto no preço dos ativos seria negativo. O dólar subiu 1,3% nesta quinta-feira (28) e fechou a R$ 5,99. Durante o dia, chegou a ultrapassar os R$ 6,00.

Os operadores financeiros não saíram convencidos de que o governo conseguirá compensar o reajuste da isenção do IRPF (Imposto de Renda do Imposto da Pessoa Física) para R$ 5.000 com a taxação dos "super-ricos".

Na avaliação deles, o maior risco é que o Congresso aprove a "bondade", mas recuse a "maldade". Para a equipe econômica, se isso ocorrer, será inconstitucional, porque a Lei de Responsabilidade Fiscal garante a necessidade de apontar a origem das receitas para renúncias fiscais.

O custo do reajuste da isenção da tabela do IR é estimado em R$ 35 bilhões pelo Ministério da Fazenda.

Ainda assim, o maior problema para o mercado foi a discussão ter sido "misturada".

"Não queremos confundir o tema da reforma tributária com o tema de medidas que visam a reforçar o arcabouço fiscal", afirmou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Só que os anúncios foram feitos em conjunto.

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Já a área política do governo defendeu uma divulgação única para amenizar as críticas da esquerda. Eles argumentavam que a correção da tabela do IR era uma promessa de campanha de Lula e que "o mercado nunca estará satisfeito".

Na visão desses auxiliares, o presidente não pode se dobrar aos "desejos" da Faria Lima, que "quer a destruição completa da proteção aos trabalhadores".

A economia a ser obtida com o ajuste fiscal de Haddad é estimada em R$ 70 bilhões.

No pacote, constam medidas como a limitação do reajuste do salário mínimo à correção da inflação mais, no máximo, 2,5%, que é o limite do crescimento de despesas do arcabouço fiscal.

Na campanha, Lula também prometeu manter a correção do salário mínimo acima da inflação. Pessoas próximas ao presidente, no entanto, dizem que não havia compromisso com a regra anterior, já adotada em outros mandatos, que era reajuste por inflação mais crescimento do PIB.

Reportagem

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