Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Nos 100 anos da Folha, saúdo a coragem e reivindico mais apartidarismo
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Jair Bolsonaro tem uma fila imaginária de candidatos ao pelotão de fuzilamento. Ninguém tem o direito de duvidar de que esta Folha está lá na ponta. Faz sentido. Falando dia desses a formandos de uma escola militar, o presidente teve um de seus costumeiros delírios de impotência e deixou claro que não é por sua vontade que vivemos numa democracia.
Sobrava sinceridade onde falecia a decência. Faço uma citação, não um ultraje à sua biografia. Em vídeo de 1999, ele deu sua receita para mudar o Brasil --parte de seu projeto, destaque-se, está em curso com os três decretos inconstitucionais e subversivos sobre armas. Tonitruou então: "Só vai mudar [o país], infelizmente, quando partirmos para uma guerra civil, fazendo um trabalho que o regime militar não fez: matando uns 30 mil, começando com FHC. Não vamos deixar ele pra fora, não".
(...)
E tenho uma reivindicação. Que o jornal se torne ainda mais atento ao direito de defesa --e isso vale para a imprensa como um todo. O jornalismo investigativo não pode servir de correia de transmissão da indústria de vigiar e punir --criada ao arrepio da lei por facções pervertidas do Ministério Público, da PF e do Judiciário--, que chamo de "Papol": Partido da Polícia.
Sob o pretexto de caçar corruptos, essa máquina destrói a política e a Justiça. O Lírico do Fuzilamento é sua herança mais desastrosa. Deu errado, claro!, e a turma anda a sonhar com um novo demiurgo, que é só um ogro argentário com um terno mais bem cortado, mas não muito, e com uma gramática mais bem arranjada, mas não muito.
O apartidarismo tem de incluir o Papol.
Íntegra aqui