Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Centrão ajudou a derrotar Bolsonaro. Já PSDB e PSB curtiram a fumaça preta
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Você está preparado para emoções fortes? Então...
E se o PSDB, que hoje está em busca de um autor, for politicamente mais fiel a Jair Bolsonaro, numa questão como o voto impresso — e com desfile militar — do que os frequentemente demonizados PP e PL, duas pérolas do centrão? Ciro Nogueira, o novo ministro da Casa Civil, conseguiu garantir algumas ausências, que evitariam uma derrota mais vistosa para Bolsonaro, mas não foi muito bem-sucedido em seu partido, não.
Os tucanos deram, como já vimos, 14 de seus 32 votos para a tese de Bolsonaro: isso corresponde a 43,75%. Mas o PP de Arthur Lira e Nogueira contribuiu com apenas 16 de seus 41 — vale dizer: 39,02%. Mais severo do que ele só mesmo o PL, também associado ao grupo: minguados 11 de 41 parlamentares (26,8%) disseram "sim" ao voto impresso. A fidelidade do MDB ao presidente, nesse particular, foi muito mais alta: 45,45% (15 de 33). Em empate técnico com os tucanos...
O DEM, oficialmente, não integra a base do governo, mas fidelidade raspa nos 50%. Deu 13 votos de sua bancada de 27 para a tese antediluviana: 48,14%.
ESQUERDISTA MÍSTICO
Há até um partido considerado de esquerda, mas que tem sotaque inequivocamente terraplanista em matéria de urnas eletrônicas (e talvez não só nisso): o PSB. Posicionaram-se em favor do voto impresso 35,48% da bancada -- 11 dos 31 deputados. Com milicada e tudo. Como se nota, o teor de reacionarismo, nesse particular, é superior ao do PL e chega perto daquele alcançado pelo PP, não é?
E o Novo, coitado? Cinco de seus oito deputados são tão "novos" que querem a volta do voto impresso: 62,5%. Eles prometem lutar agora pela dancinha da chuva para resolver a crise hídrica... O Podemos é o que se sabe: um microceleiro de reacionários: seis de seus 10 deputados (60%) ali, firmes, com Bolsonaro e com os tanques.
A fidelidade também foi altíssima no Republicanos de Edir Macedo: 26 "sins" em 32 votos: 81,2%. O PSD de Kassab forneceu 20 de seus 35 votos: 57,14%. No Cidadania de Roberto Freire, Bolsonaro conseguiu abiscoitar três de oito votos: 37,5%. O PDT de Ciro Gomes mudou de prosa quando se deu conta de que o voto impresso era apenas metonímia e pretexto do golpismo. Ainda assim, forneceu seis de seus 25: 24%. Fidelidade absoluta mesmo foi a do PSC: lacrou 11 de 11: 100%.
Abaixo, segue a lista de 20 partidos em que houve votos favoráveis à PEC, num total de 229, organizados segundo o percentual de fidelidade da bancada à tese do "Mito":
01- 100% : PSC (11 de 11)
02- 84,9%: PSL (45 de 53)
03- 81.2%: Republicanos (26 de 32)
04- 72,7%: Pros (8 de 11)
05- 66,6%: Patriotas (4 de 6)
06- 62,5%: Novo (5 de 8)
07- 60,0%: Podemos (6 de 10)
08- 60.0%: PTB (6 de 10)
09- 57,1%: PSD (20 de 35)
10- 50,0%: PV (2 de 4)
11- 48,1%: DEM (13 de 27)
12- 45,4%: MDB (15 de 33)
13- 43,75: PSDB (14 de 32)
14- 39,0%: PP (16 de 41)
15- 37,5%: Cidadania (3 de 8)
16- 35,7%: Solidariedade (5 de 14)
17- 35,5%: PSB (11 de 31)
18- 26,8%: PL (11 de 41)
19- 25,0%: Avante (2 de 8)
20- 24,0%: PDT (6 de 25)
VOTO ZERO
Nenhum dos 53 deputados do PT se posicionou a favor do voto impresso. Dois parlamentares constam como ausentes: Alexandre Padilha (SP) e Maria do Rosário (RS). Os oito deputados do PCdoB votaram contra a proposta. O PSOL deu nove de seus 10 votos contra a PEC: a deputada Samia Bonfim está em licença-maternidade. A Rede tem apenas uma deputada, que se opôs à proposta. E o mesmo fez Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara, que ainda está sem partido.
Como se pode notar, nem todo centrão é igual. E PSDB, MDB e PSB, que centrão não são, poderiam ter tornado a derrota de Bolsonaro ainda mais contundente. Mas muitos de seus parlamentares preferiram dar piscadelas para os tanques.
Para registro: o deputado Fernando Coelho (DEM-PE), filho de Fernando Bezerra (MDB), líder de Bolsonaro no Senado, votou "não".
E como não registrar? O deputado Lucas Redecker, presidente do PSDB do Rio Grande do Sul, terra do pré-candidato à Presidência Eduardo Leite, governador do Estado, endossou a pregação bolsonarista, que virou sinônimo de pregação golpista...
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