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Reinaldo Azevedo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Petista bate Bolsonaro por 55% a 16% na faixa de renda de 70% da população

Reprodução/Genial-Quaest
Imagem: Reprodução/Genial-Quaest

Colunista do UOL

09/02/2022 07h33

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu, a partir desta terça. testar, mais uma vez, a sorte no Nordeste. Passará por Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco. Vai inaugurar trechos de obras da transposição do São Francisco — está á beira de dizer que a ideia é sua — e vai fazer uma "jeguiata". Aposta que, assim, vai agradar àqueles a quem chama "paus de arara". Nesta terça, defendeu a alcunha preconceituosa porque disse que não liga de ser chamado de "alemão"... Então tá.

A situação eleitoral de Bolsonaro, segundo dados da pesquisa Genial/Quaest, tem de melhorar estupidamente para começar a ficar apenas ruim.

No primeiro turno, Lula (PT) bate o atual presidente na região, a segunda mais populosa do Brasil, por formidáveis 61% a 13%. Como se nota, o "Mito" por ali é outro. Ciro Gomes (PDT), um cearense nascido por acidente em Pindamonhangaba, marca apenas 8%. Sergio Moro (Podemos) fica com 3%. João Doria (PSDB) e André Janones (Avante) empatam em 2%.

No Sudeste, a diferença é menor, mas a surra ainda é feia: o ex-mandatário venceria o atual por 40% a 26%, Números bem parecidos com o Norte (39% a 28%) e o Sul (38% a 29%). Só no Centro-Oeste há um empate técnico: 32% a 31%. Sergio Moro (Podemos) chega a reagir um tantinho no Sul, com 13%, mas ainda é praticamente um terço do que obtém Lula.

RENDA
Dizem que votarão em Lula 55% dos que ganham até dois salários mínimos, contra 16% que preferem ficar com Bolsonaro. Ciro e Moro empatam em 5% nessa faixa, e Doria fica com 2%. Qual é o busílis. Nada menos de 70% dos brasileiros estão nessa faixa, e 90% recebem menos de R$ 3,5 mil. No grupo que recebe de dois a cinco mínimos, a vantagem do petista ainda é gigantesca: 44% a 25%. Entre os que recebem mais de cinco, há empate rigoroso: 31%.

Quando os pesquisadores querem saber que candidato o eleitorado identifica com a questão social, o ex-presidente bate o atual por 56% a 12%. E Lula se impõe sobre seu adversário também como o mais preocupado com o desemprego (52% a 16%), com a economia (51% a 19%) e com saúde (44% a 23%).

O baixo crescimento da economia neste ano, com risco de recessão, e o desemprego que deve continuar nas alturas, convenham, não projeta um cenário muito favorável para Bolsonaro na disputa eleitoral. Já foi mais alto, mas ainda é gigantesco o percentual dos que dizem que a economia piorou no último ano (63%). Dizem que melhorou apenas 13%. Afirmam que tiveram dificuldades para pagar as contas nos últimos três meses 53% — 65% entre os que recebem até dois mínimos; 64% no Nordeste e 51% no Sudeste.

O governo aposta que o Auxílio Brasil e a melhora da economia — não fica claro por qual caminho — conseguirão inverter esse resultado. Há nisso uma boa dose de crença, convenham.

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