Se apelo por Pix explica grana, Bolsonaro levou R$ 17 mi em 12 dias. Será?
"Há algo de muito errado que não está certo", como no bordão de uma personagem de humor, com a fabulosa montanha de dinheiro recebida pelo capitão arruaceiro. Que coisa! Antes de Deltan Dallagnol anunciar a chuva de Pix que Deus lhe proporcionou, depois de um papo íntimo no avião (o Altíssimo tem cada uma...), o milagre já havia acontecido com Jair, um falso Messias, mas um verdadeiro Bolsonaro.
Como é? O "Não-Estupraria-Porque-É-Muito-Feia" recebeu nada menos de R$ 17,1 milhões em meros seis meses, entre 1º de janeiro e 4 de julho, num total de 769 mil transferências? Já seria do balacobaco. Mas tudo pode ser ainda mais, como posso chamar?, "mítico"!!!
Leio o seguinte na Folha:
O Coaf afirma que as transações "atípicas" podem ter relação com a campanha de doações organizada em junho para o pagamento de multas. A Justiça de São Paulo, por exemplo, determinou o bloqueio de valores de Bolsonaro por ele não ter usado máscara durante a pandemia de coronavírus.
"No período chamou a atenção o montante de PIXs recebidos em situação atípica e incompatível. Esses lançamentos provavelmente possuem relação com a notícia divulgada na mídia", diz trecho do relatório, citando uma reportagem publicada no último dia 2 de julho.
Epa! Vamos devagar!
Aliados de Bolsonaro começaram a divulgar o Pix do "Não-Sou-Coveiro" em 23 de junho, depois que veio a público a informação de que a Justiça de São Paulo havia decidido bloquear R$ 87 mil de sua conta, conforme se noticiou no dia 14 do mês passado. Antes do dia 23, inexistia pedido para pingar uma grana para o "Todo-Mundo-Morre-Um-Dia". Convém lembrar que o "Não-Estupraria-Porque-Não-Merece" deixou o Brasil em 30 de dezembro do ano passado e só retornou em 30 de março. Portanto, esteve ausente do país em três dos seis meses.
Precisamos saber quanto dinheiro o "Acabou-Porra!" recebeu antes do dia 23 de junho, quando a chave de seu Pix foi divulgada, e quanto entrou depois. A grana que antecedeu essa data não pode, por óbvio, ser atribuída à campanha. Afinal, o que vem depois não pode ser causa do que veio antes, certo? Até um doador bolsonarista é capaz de entender isso.
Eu tinha achado essa história bem esquisita, conforme comentei no programa "O É da Coisa", no dia 26 de junho. E agora, diante dessa soma espetacular de dinheiro, ela me soa ainda mais estranha. Se os R$ 17,1 milhões podem ser atribuídos ao chamamento dos bolsonaristas para pagar a multa — como especula o Coaf —, então essa tempestade de Pix teria ocorrido entre 23 de junho e 4 de julho: em meros 12 dias, não em seis meses: por dia, média de R$ 1,545 milhão e de 69.909 operações. É sério isso?
"Ah, Reinaldo, preste atenção à notícia! A bufunfa entrou no curso de seis meses". Ah, não esqueci, não. Mas, então, quero saber o que justifica as transferências anteriores à divulgação da chave. Ele recebia chuva de Pix mesmo quando estava homiziado em Orlando?
Não sei se é o caso, mas é preciso perceber: o Pix, tratado desse modo, pode se transformar num instrumento e tanto de lavagem de dinheiro. Afinal, é razoável apostar que a Justiça não vai quebrar o sigilo de milhares de "militantes generosos", não é mesmo?
Há algo de muito errado nessa história que não está certo...
168 comentários
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Sergio de Jesus Cides
Quem deve estar "P-da-vida" com essas doções são os pastores... quanta grana deixaram de arrecadar, em benefício de seu Grande Líder Honestíssimo!!
Geraldo Dias Netto
Quando penso: como pode ter gente que ainda defende ou mesmo idolatra Bolsonaro, lembro que, neste mundo, há louco para tudo. Há aqueles que matam a mãe, que abusam sexualmente dos filhos. Cheguei a votar em Bolsonaro. Achava que ele iria radicalizar na economia, como propunha Guedes, eliminando impostos etc. Nada disso aconteceu. Ocorreu de Guedes, com sua offshore, ganhar ainda mais dinheiro. Por aqui, Bolsonaro não fez absolutamente nada, a não ser... brigar na internet. Um presidente discutindo em internet, como se o país fosse de primeiro mundo. Não construiu uma escola sequer, um hospital, não teve nenhum plano nacional de nada. Beneficiou apenas pastores evangélicos, oficiais das Forças Armadas e sua família, que enriqueceu cada vez mais. Foi, de longe, o pior presidente que o país já teve. De longe! Como todo abusador do erário, político profissional, age com hipocrisia quando fala sobre corrupção. Seus filhos são piores ainda. Nojento!
Jose Rogério Simões da Cunha
Todo bolsonarista é b @ n d i d 0!