Bolsonaro se estrepa; CPAC, os reaças fofos e fala pornô de Eduardo a Milei
Lendo os elementos que resultaram no indiciamento de Jair Bolsonaro e mais 11 no caso das joias, dizer o quê? Tudo é tão constrangedor! Há momentos que parecem esquetes ruins, de amadores. No dia 4 de fevereiro de 2023, por exemplo, o tenente-coronel Mauro Cid envia para o zap de Bolsonaro o link do leilão do "kit rosé". Ao que responde o chefe, em jargão militar: "Selva". Vale por um "Estamos juntos!". Parece que o ex-presidente vai se encalacrar. O ministro Alexandre de Moraes suspendeu o sigilo do inquérito dois dias depois de o "Mito" ter conclamado seus seguidores, na tal conferência "conservadora", a colonizar o Senado para se vingar do STF a partir de 2027. Ele se sente na condição de quem ainda pode chantagear as instituições.
Mas atenção! Nada de radicalismos, por favor! Segundo alguns "analistas", temos de ser suaves com eles na esperança de que surja um "bolsonarismo moderado" para fazer a transição... Do quê para quê? Com a extrema-direita, dizem os picaretas, é preciso estabelecer pontes — aquelas, vocês sabem, que ligam a democracia ao neofascismo. Volto ao ponto mais tarde. Que lama!
Mais um pouquinho da pantomima rentável dos diamantes. No dia 18 de janeiro do ano passado, Cid diz a Marcelo Câmara, assessor do ex-presidente — que estava em Miami: "Eu acho que, quanto menos movimentação em conta, melhor, né? Tem 25 mil dólares com meu pai. Eu estava vendo o que era melhor fazer com esse dinheiro, levar em 'cash' aí. Meu pai estava querendo inclusive ir aí falar com o presidente". O pai de Cid é o general Mauro Cesare Lourena Cid. Em depoimento à PF, o militar da reserva disse ter entregado a Bolsonaro US$ 68 mil decorrentes da... venda de relógios.
A PF aponta esses e outros elementos a justificar o indiciamento de Bolsonaro por associação criminosa, lavagem de dinheiro e peculato. A PGR tem 15 dias para oferecer denúncia ao STF, pedir novas diligências ou recomendar o arquivamento. Segundo o inquérito, o orador que ameaçou o STF na tal conferência usou a grana amealhada, ao passar nos cobres bens que não lhe pertenciam, para financiar a sua permanência nos EUA. Os acusados negam tudo e, pois, devem ter uma boa explicação para as lambanças. Na seara do crime comum, a história dos diamantes e a adulteração do registro de vacinas são as coisas mais, digamos, leves... Há as investigações sobre as articulações para um golpe de Estado, em inquéritos que ainda não estão concluídos.
O BURACO SEM FUNDO
A reunião da tal CPAC, a dita "conferência conservadora", liderada por Eduardo Bolsonaro, que ocorreu em Balneário Camboriú no sábado e domingo passados, evidencia o que a extrema-direita tem planejado para nós. Ops! Eu escrevi "extrema-direita"? Preciso parar de pôr rótulos nesses patriotas. Não é porque Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de São Paulo, exibe um cadáver num telão, chamando-o de "vagabundo", para exemplificar a eficácia de seu trabalho, sob aplausos entusiasmados, que se vai apelar a esta "pecha". Caramba! Seriam apenas "pessoas" com uma visão de mundo diferente da nossa e que resolveram aplicar a "Pedagogia do Presunto", em consonância com o desejo da população, que quer mais justiça. E também é justiça o que querem os franceses que votam no neofascista "Reunião Nacional". Aqui, esse anseio toma a forma de mortos em penca; lá, de perseguição a imigrantes.
À parte Bolsonaro, a grande estrela da patuscada foi Javier Milei, sendo reverenciado por outro "centrista", Tarcísio de Freitas, o mesmo que declarou que 2026 já começou, enquanto dispensava mesuras a um chefe de Estado que fez uma espécie de entrada clandestina no Brasil. Não é porque o governador de São Paulo manda às favas o protocolo de relação entre dois países, incensando um prosélito que faz profissão de fé na intolerância, que se vai falar de extrema-direita. Não, coleguinhas! Seria só uma visão alternativa das Instituições. Seriam pessoas com uma leitura muito particular de mundo. Lembram-se de Bolsonaro? Uma de suas explicações para as minutas do golpe, que articulavam estado de defesa e estado de sítio, é o fato de que os dois instrumentos, afinal, estão previstos na Constituição. Se estão, como poderia ser golpe? Que essas estultices circulem nas redes, vá lá. Que tenham saltado o cordão sanitário para frequentar redações, bem, aí estamos diante de um grave contágio.
O MOMENTO PORNÔ
A voragem da estupidez tem até seus momentos de apelo à pornografia. Circula nas redes um vídeo em que Bolsonaro presentei Milei com a "Medalha dos Is": Imorrível, Imbrochável e Incomível. Coube a Eduardo "explicar" a distinção, acompanhado atentamente por Karina Milei, a irmã e assessora do presidente argentino. Ela jamais o deixa solto. Parece ser a sua Acompanhante Terapêutica. Ela só descola do cara quando ele está lendo suas bobagens, como um autômato.
O presidente que se negou a ir à Cúpula do Mercosul teve de ouvir de Eduardo, em espanhol, que Bolsonaro é "imorrível porque foi esfaqueado e está vivo"; que é "imbrochável porque nunca brocha com as mulheres, sempre vai à cama..." E o deputado faz o gesto com o punho em riste, não sem pedir desculpas a Karina, que diz: "Não! É perfeito!" E aí chegou a hora do "incomível". O Zero Três explicou que "Incomível significa que não há a possibilidade de ser..." E Eduardo simula discretamente a exposição do próprio traseiro. E segue: "Nenhum outro homem vai te comer; no Brasil se diz comer".
Assistam ao vídeo. Até Milei fica constrangido. Ri amarelo, não diz palavra, e Karina toma a iniciativa de ficar com a medalha. Esse a que das redes chamam "Dudu Bananinha" achou que ainda não estava bom e arrematou: "Heterossexual, saúde muito boa, imorrível, imbrochável, e não há a possibilidade de mudar de lado.." Antes, ele informa que Viktor Orbán e Donald Trump já receberam tão notável distinção. Enquanto seu filho fala, Bolsonaro se limita a dar aquela sua risada característica, meio abobada. Depois do constrangimento, Milei encarnou de novo a personagem e lascou: "Vila la libertad, carajo!"
Ah, leitores! Como é que essas pessoas tão, digamos, picarescas, poderiam ser de extrema-direita, não é mesmo? Esses notáveis democratas só teriam um humor, vá lá, da 5ª Série E. De vez em quando, é verdade, usam cadáveres para fazer proselitismo sobre segurança; praticam necropolítica durante uma pandemia; investem contra o conhecimento científico; promovem o armamentismo; querem mandar para a cadeia mulheres estupradas que optarem pelo aborto; defendem abertamente o estado teocrático; destroem políticas sociais; praticam a mais desabrida cafajestagem contra as mulheres; militarizam as escolas; dizem que um negro deve ser pesado em arrobas; sustentam que africanos tem QI inferior ao de macacos; atribuem as mazelas do Brasil aos nordestinos; prometem se vingar do Supremo...
Não seriam nem neofascistas nem de extrema-direita. Teriam, vá lá, um entendimento alternativo sobre a civilidade política e fazem piadas ruins... Eventualmente vendem joias que não lhes pertencem. Fora isso, tudo gente como a gente...
Não! Gente como "eles" — estes que tiraram o seu reacionarismo do armário e parecem doidinhos para eleger um outro reaça, não importa o que aconteça com a qualidade da nossa democracia, desde que tope ser o "Bell'Antonio" da economia, entregando os negócios de Estado, afinal, a negociantes.
Ah, sim: Bell'Antonio era brocha.
Deixe seu comentário