Novo ministro já propôs escolha entre jovem e idoso "no final da vida"
O novo ministro da Saúde, o oncologista Nelson Teich, anunciado nesta quinta-feira (16) mas que ainda não tomou posse, disse em abril do ano passado que o dinheiro para Saúde é "baixo" no Brasil e, por isso", devem ser feitas "escolhas". Ele propôs o seguinte dilema: um idoso com problemas de saúde "que pode estar no final da vida" ou um adolescente. "Qual vai ser a escolha?", indagou Teich.
As declarações foram feitas para um vídeo institucional produzido pelo Instituto Oncoguia em abril de 2019. O instituto promovia um fórum nacional sobre oncologia, em Brasília, nos dias 16 e 17 de abril do ano passado.
"Como é que seria o ideal, na minha opinião, sobre como estruturar uma proposta. A primeira coisa que você tem que mapear é qual a necessidade da população. E a segunda coisa é quanto dinheiro você tem. [...] E tem uma coisa que é fundamental é: como você tem um dinheiro limitado, você vai ter que fazer escolhas. Então você vai ter que definir onde você vai investir. Então, sei lá, eu tenho uma pessoa que é mais idosa, que tem uma doença crônica avançada, ela teve uma complicação. Para ela melhorar, eu vou gastar praticamente o mesmo dinheiro que eu vou gastar para investir num adolescente que está com um problema. O mesmo dinheiro que eu vou investir é igual. Só que essa pessoa é um adolescente que vai ter a vida inteira pela frente e o outro é uma pessoa idosa que pode estar no final da vida. Qual vai ser a escolha?", disse Teich no vídeo.
"São duas coisas importantíssimas na saúde hoje: o dinheiro é limitado e você tem que trabalhar com essa realidade; segunda coisa, as escolhas são inevitáveis. Quais vão ser as escolhas que você vai fazer?", afirmou o oncologista.
Teich admitiu que os recursos destinados ao SUS (Sistema Único de Saúde) no Brasil são insuficientes. "E realmente o recurso financeiro é baixo. A gente tenta ter um acesso [ao sistema de saúde] semelhante ao que aconteceu nos EUA, que é uma referência em termos de acesso. Para vocês terem uma ideia, para 2019 a projeção é que se gaste US$ 11,2 mil por pessoa por ano e no Brasil, no SUS, você vai ter menos de [US$] 500. Então é um abismo, a diferença financeira. A gente pode discutir corrupção, má gestão, mas até para fazer uma gestão eficiente é difícil quando você tem pouco dinheiro", disse Teich.
"Então você tem que se superar realmente para conseguir entregar o máximo que você pode com o que você tem de recursos, seja financeiro, seja de estrutura."
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