Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.
Quem bajula mais o Bolsonaro? Aras e André Mendonça disputam no STF
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Essa é a verdadeira guerra revelada pelas sessões do Supremo Tribunal Federal sobre a realização de cultos nas igrejas durante a pandemia do coronavírus: quem é mais terrivelmente religioso e, portanto, apto a ser abençoado pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir a vaga de ministro na corte?
Será o advogado geral da União e ex-ministro da Justiça, André Mendonça? Ou será o procurador-geral da República, Augusto Aras?
Como se sabe, o ministro Marco Aurélio Mello aposenta-se em julho. Bolsonaro já declarou que pretende indicar para a vaga no STF alguém que seja "terrivelmente evangélico".
André Mendonça é evangélico, de uma denominação nada "terrivelmente". Sempre se mostrou parcimonioso, tranquilo, ponderado.
Mas nos últimos tempos, aproximando-se a data de abertura da vaga no STF, assumiu uma roupagem, digamos, mais terrível, inclusive como ministro da Justiça, quando abusou da Lei de Segurança Nacional e de processos contra adversários do governo.
No entanto, nunca antes tínhamos visto o pacífico André Mendonça trincando os músculos da face como nesta sessão do Supremo em que declarou a disposição de morrer para manter a possibilidade de cultos durante pandemia.
Quanto a Augusto Aras, pensei até que fosse agnóstico tão poucas vezes o vi misturando assuntos religiosos com advocatícios.
Mas eu também havia pensado que ele não fosse um conservador, quando o petista Jaques Wagner trabalhava pela sua indicação no governo Dilma Rousseff. E ele acabou conquistando do terrivelmente conservador Jair Bolsonaro a indicação para a Procuradoria Geral da República.
Aras, no entanto, não é evangélico. Mas, nas sessões do Supremo sobre a abertura das igrejas durante a pandemia, mostrou-se terrivelmente religioso, misturando ciência e fé num confuso discurso para defender a tese do presidente da República.
Quem sabe assim Bolsonaro abre mão de nomear um ministro "terrivelmente evangélico" em favor de, talvez, um "neo terrivelmente religioso"?
Ou seja, enganou-se quem pensou que, nas sessões do STF, a grande disputa seria dos dois contra Gilmar Mendes e outros ministros. Ou mesmo entre Mendes e o magistrado Nunes Marques, recém-empossado por Bolsonaro.
Não. A grande guerra foi entre André Mendonça e Augusto Aras: quem puxa melhor o papo, digamos assim, de Bolsonaro.
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