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Tales Faria

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Exército aceita compactuar com os desvios de Mauro Cid & Cia

O tenente-coronel Mauro Cid depôs hoje na CPI dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal e, assim como fez em julho, na CPMI do 8/1, no Congresso, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) compareceu fardado para prestar depoimento.

Durante o programa Análise da Notícia, o colunista do UOL Tales Faria afirmou que a atitude de Cid mostra que o Exército compactua com seus desvios.

A farda de Mauro Cid tornou-se um símbolo de que o Exército aceita compactuar com o envolvimento das Forças Armadas nos desvios promovidos pelo governo Bolsonaro.
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Cid usou farda como muleta institucional. Mauro Cid usou o fardamento do Exército como uma muleta institucional durante a CPMI para tentar limpar sua imagem pessoal. Pressionado pelo pai de Mauro Cid (Lourena Cid), um general até então muito influente, o Exército se deixou usar. Soltou uma nota pública afirmando ter orientado Mauro Cid a usar a farda.

Interesse da CPMI era de que Mauro Cid relatasse detalhes do golpe de Estado. À época, o que mais interessava à CPMI era que Cid relatasse suas conversas sobre o golpe de Estado com o ex-major Ailton Barros, expulso do Exército e amigo de Bolsonaro. Além disso, também havia a questão dos atestados falsos de vacina para Bolsonaro e familiares mas, assim como hoje, o ex-ajudante de ordens do ex-presidente se calou.

Situação de Cid piorou. Desde o depoimento em julho, a situação do tenente-coronel piorou. Apareceram situações como a compra, venda e revenda de joias que pertencem ao acervo da Presidência da República, e o hacker Walter Delgatti falando de outros militares de alta patente e apontando reuniões às escondidas nas dependências do Ministério da Defesa. Juntando isso a tudo que se falou do envolvimento de militares de altas patentes com as articulações golpistas de Bolsonaro, as Forças Armadas viram-se envolvidas no lamaçal da instituição.

Múcio tenta limpar a barra do Exército. O atual ministro da Defesa, o civil José Múcio Monteiro, até que tem tentado livrar a barra da caserna, mas não está adiantando. Múcio pediu à Polícia Federal os nomes dos militares que se encontraram com Delgatti, mas o pedido foi negado. Depois da tentativa malsucedida de Múcio limpar a barra das Forças Armadas, tudo o que ele não precisava era que o tenente-coronel sujasse novamente o fardamento militar em outra CPI.

Lixo está jogado para baixo do tapete. Enquanto o Exército não punir aqueles que mancharam o fardamento, as Forças Armadas estarão se misturando com os indivíduos que praticaram os ilícitos. Múcio até procurou o presidente da CPMI, o deputado Arthur Maia (PP-BA), que é do centrão e foi aliado de Bolsonaro, para aliviar a barra dos militares. Maia simplesmente engavetou os requerimentos de informações contra os comandantes militares requisitados pela relatora e outros integrantes do colegiado. Não colocou nenhum deles em votação.

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O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa:

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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