Cid vai fardado à CPI do DF e só responde a uma pergunta: 'Tenho 44 anos'
O tenente-coronel Mauro Cid repetiu a estratégia que adotou em julho no CPI do 8 de Janeiro, no Congresso, se calou hoje na CPI dos Atos Antidemocráticos, da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Em quase três horas de depimento, ele respondeu a uma única pergunta: "Tenho 44 anos".
O que aconteceu
O questionamento foi feito pelo deputado bolsonarista Daniel de Castro (PP). O parlamentar disse que respeitava o direito de Cid de permancer em silêncio, mas gostaria de saber a idade do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).
Foi a única resposta de Cid aos vários questionamentos feitos pelos deputados. No início do depoimento, o militar leu uma apresentação na qual afirmou não ter "qualquer intenção de desrespeitar vossas excelências e os trabalhos da CPI" e disse faria uso do direito constitucional ao silêncio",
Cid compareceu à comissão usando a farda do Exército. Ele estava acompanhado de seu advogado, Cezar Roberto Bitencourt, que assumiu a defesa do tenente-coronel neste mês.
A defesa do militar havia solicitado o adiamento do depoimento, mas o pedido foi negado pelo presidente da comissão, Chico Vigilante (PT).
Ele não é testemunha. Quem está envolvido nos fatos, quem é investigado não é testemunha. Ele é indiciado e como tal tem o direito ao silêncio. Ele vai fazer uma manifestação inicial e posteriormente ele decide.
Cezar Roberto Bitencourt, advogado de Mauro Cid
Em sua manifestação, o ex-ajudante de Bolsonaro leu o mesmo documento utilizado na CPI do 8 de Janeiro, no Congresso Nacional, em julho. O documento lido na Câmara do Distrito Federal tinha riscado o primeiro parágrafo com os cumprimentos ao presidente da comissão, Arthur Maia (União Brasil-BA), e os nomes da CPI do DF.
A manifestação lida por Cid falava sobre sua trajetória nas Forças Armadas, sua função no governo Bolsonaro e as investigações das quais é alvo no STF (Supremo Tribunal Federal).
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro foi convocado para prestar depoimento na condição de testemunha sobre os atos em Brasília nos dias 12 de dezembro de 2022 e 8 de janeiro deste ano. O requerimento do deputado Fábio Felix (PSOL) foi aprovado em maio.
Sem qualquer intenção de desrespeitar Vossas Excelências e os trabalhos conduzidos por essa CPI, considerando a minha inequívoca condição de investigado e por orientação da minha defesa técnica, farei uso durante toda essa sessão do meu direito constitucional ao silêncio.
Mauro Cid, à CPI do DF
Em julho, Cid ficou calado durante o depoimento na CPI do 8 de Janeiro, no Congresso Nacional. O depoimento durou mais de oito horas e terminou pouco antes das 19h.
O direito ao silêncio foi concedido a Mauro Cid pelo STF. A ministra Cármen Lúcia determinou que ele comparecesse à comissão, mas não fosse obrigado a produzir provas contra si mesmo e fosse assistido pelo advogado durante todo o tempo do depoimento.
Cezar Roberto Bitencourt é o terceiro advogado de Mauro Cid desde que o militar foi preso, em 3 de maio. O primeiro, Rodrigo Roca, deixou a defesa sete dias após a prisão. O segundo defensor de Cid foi o advogado Bernardo Fenelon, que saiu do caso na última semana alegando "questões íntimas".
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