Bolsonaro colocou as Forças Armadas de tornozeleira eletrônica
Um oficial de alta patente como o tenente coronel Mauro Cid, antes respeitado no meio militar, mas agora usando tornozeleira eletrônica, é o símbolo da humilhação a que o ex-presidente Jair Bolsonaro acabou impondo às Forças Armadas.
Uma verdadeira obra de destruição de imagem dos militares só igualada pelas torturas e desaparecimento de presos políticos do período de ditadura.
Antes considerado um "mau militar", conforme foi publicamente classificado pelo ex-presidente e general Ernesto Geisel - este sim, respeitado pelos colegas de farda - Bolsonaro parece ter assumido a Presidência da República com o firme propósito de se vingar daqueles que o obrigaram a deixar o Exército sob o manto da humilhação e suspeita de planejar explosões de bombas e quebra de hierarquia.
Além da situação vexatória de Mauro Cid e seu pai — o antes também respeitado general Lourena Cid — Bolsonaro conseguiu causar outros estragos na caserna.
Por exemplo:
- Mostrou que podia comprar corações e mentes de militares de alta patente apenas oferecendo uns carguinhos comissionados;
- Encheu a Esplanada dos Ministérios de militares em cargos para os quais não estavam preparados, envolvendo-os em escândalos e desavenças administrativas em várias áreas, como a Agência Brasileira de Promoção às Exportações (Apex), os Ministérios da Saúde e da Educação, entre outros;
- Igualou com isso os militares ao centrão, grupamento fisiológico da política que causava ojeriza aos fardados como o general Augusto Heleno, que cantarolava em comícios cantigas do tipo "Se gritar pega centrão...";
- No comando do Gabinete de Segurança Institucional, o GSI, Augusto Heleno não só passou a manifestar simpatia pelo centrão como permitiu um dos maiores micos da história da Aeronáutica, aquele em que o avião presidencial transportou um militar traficando cocaína durante uma viagem oficial do presidente da República;
- Os militares brasileiros, que antes tinham uma aura de competência, passaram a protagonizar momentos de absoluta incompetência e subserviência, como quando o general Eduardo Pazuello assumiu como ministro da Saúde carimbado como um dos responsáveis pela crise que levou a 700 mil mortes pela Covid no país;
- Outro arrastado pela fama de incompetente foi o chefe da Casa Civil de Bolsonaro, general Braga Netto, encarregado de coordenar com Pazuello e outros ministros da Saúde, a fracassada política governamental de combate à Covid;
- Levou o general Villas Boas Correia a simplesmente apagar a fama que um dia já teve — de militar democrata — em troca do apoio dele próprio e sua família a manifestações antidemocráticas como os acampamentos em frente aos quartéis;
- impôs ao almirante Bento Albuquerque a humilhante posição de tentar furar a Alfândega para passar joias no valor de milhões de dólares doadas ao governo pelo sheik da Arábia Saudita. Bento atuou como um garoto tentando contrabandear joias que o chefe pretendia furtar do Palácio;
Enfim, esses são alguns casos de destruição da imagem das Forças Armadas rememorados de rapidamente. Mas outros, muitos outros ocorreram. E Mauro Cid se tornou o símbolo dessa fase triste da história da caserna no Brasil.
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