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Jungmann: desconfianças levaram PF a abrir 'investigação da investigação'

Marielle Franco Morreu no dia 14 de março de 2018. Ministro da Defesa no governo de Michel Temer, o ex-deputado Raul Jungmann havia sido transferido poucos dias antes, em 27 de fevereiro, para o comando de uma nova pasta, o Minisitério Extraordinário da Segurança Pública.

Como agora, a segurança pública do país vivia uma crise, especialmente no Rio de Janeiro. Poucos dias antes da criação do novo Ministério, Michel Temer assinara o decreto de intervenção federal na área de segurança do Estado. O general Braga Netto foi nomeado interventor.

Jungmann, então, acompanhava de perto a situação da segurança no Rio quando ocorreu o assassinato de Marielle.

Ele lembra à coluna que, junto com a então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, desconfiou do andamento das investigações. "Aquilo da Polícia Civil não ia a canto nenhum. A Raquel Dodge determinou, então, uma investigação da investigação, via Polícia Federal".

O problema é que o governo mudou com a eleição de Jair Bolsonaro para a Presidência da República. Jungmann deixou o cargo cerca de dez meses depois, em 1º de janeiro de 2019, e não soube mais do andamento das investigações na PF durante o governo Bolsonaro, período em que teriam ficado paradas.

Mas o ex-ministro conta que ninguém desconfiava do delegado Rivaldo:

"Lembro que eu havia determinado ao então diretor da Polícia Federal e ao responsável pela área de crime organizado que dessem toda colaboração à Polícia Civil do Rio. Eles levavam informações, mas nunca eram demandados. Eles nos trouxeram de volta a percepção de que as investigações no Rio estavam andando de lado. Se andava em círculos. Foi isso que levou à determinação de que se fizesse a investigação da investigação."

Sobre o delegado Rivaldo, então chefe da Polícia Civil do Rio, Jungmann lembra que ele se dizia muito amigo, "próximo e constante da Marielle". Inclusive relembra o primeiro encontro que mantiveram, numa reunião no Rio de Janeiro:

"Foi na Cidade da Polícia. Estavam presentes, além do Rivaldo, a Raquel Dodge, o Braga Netto, o secretário de Segurança Pública nomeado na intervenção, general Richard Nunes, e o comandante da Polícia Militar. Lembro exatamente do Rivaldo contando que era muito amigo da Marielle. É bom lembrar que ele tinha sido delegado de Homicídios. Contou-nos que Marielle, sempre que tinha problemas, ele funcionava como a sua ponte com a polícia."

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Segundo Jungmann, Rivaldo tinha muito prestígio. Por isso, ninguém desconfiava do delegado naquele período, apesar do caso não andar.

Perguntado sobre por que "as investigações das investigações" na Polícia Federal também não andaram durante o governo Bolsonaro, após sua saída, Jungmann respondeu: "Não faço a menor ideia. Tive zero de informações desde que saí."

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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