Tales Faria

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Opinião

Marçal era laranja de Bolsonaro e agora virou assombração sobre Nunes

O coach de internet Pablo Marçal (PRTB) apareceu nas pesquisas eleitorais já entre os primeiros colocados para prefeito de São Paulo.

Ele anunciou a candidatura da sexta-feira, 24, e já disputa o terceiro lugar com a deputada Tabata Amaral (PSB).

A coluna pediu ao presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), uma avaliação sobre o desempenho de Marçal.

Em tempo: o PP é aliado de Ricardo Nunes. O senador respondeu:

"Vamos esperar uns 30 dias pra ver o desempenho dele."

Eu, então, comentei que isso poderia assombrar Ricardo Nunes.

"Sinceramente? Não. Se fosse há um ano, Marçal e [o apresentador] Datena [PSDB] seriam problema. Hoje o cenário está consolidado", disse o aliado de Ricardo Nunes.

Eu insisti: "Então por que esperar 30 dias pra analisar?"

E o presidente do PP mandou um "kkk" e explicou, bem-humorado: "Pra ver se estou errado. Mas 99% [de certeza] de que não."

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Em outras palavras: aliados importantes de Bolsonaro e de Ricardo Nunes, como o presidente do PP, acham que Pablo Marçal não crescerá a ponto de se tornar "problema". Mas seguro morreu de velho: irão aguardar.

Se Marçal continuar crescendo, o candidato-fantasma se tornará uma assombração com condições de tomar o lugar do próprio Ricardo Nunes.

Assombrado, o prefeito pode se ver obrigado a anunciar um nome indicado por Bolsonaro para seu vice na chapa, coisa a que não andava muito propenso.

Mas e se Bolsonaro fechar definitivamente com Ricardo Nunes e, digamos, Pablo Marçal continuar crescendo?

Nesse caso, o fantasma assume a condição de um ectoplasma sólido e assombra o próprio bolsonarismo. Obrigará o ex-presidente a abandonar a aliança com Nunes e apoiá-lo.

Marçal era pensado nas hostes bolsonaristas como uma espécie de candidato laranja de dupla finalidade.

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Serviria para pressionar o prefeito emedebista a decidir-se logo por colocar um bolsonarista como seu candidato. Mais tarde, quem sabe, poderia atuar como uma linha auxiliar do prefeito nos debates eleitorais.

Por esse script, Pablo Marçal seria na campanha eleitoral o que foi o Padre Kelmon (PTB) em 2022. Mas pode crescer e se impor sobre seus criadores impondo a estes, sim, uma mudança de rumo.

O laranja está virando assombração.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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