Tales Faria

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Opinião

Não houve vitorioso no quarto debate em SP. O eleitor foi o derrotado

Apesar das rígidas regras e do bom desempenho da apresentadora, Denise Campos de Toledo, o debate entre candidatos à Prefeitura de São Paulo acabou marcado por trocas de ofensas, ameaça de luta corporal e desrespeito ao eleitor.

O resultado é que, aparentemente, nenhum dos candidatos presentes saiu vitorioso. Na verdade, o eleitor foi o grande derrotado.

Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB) não conseguiram desmontar a previsão inicial de que a luta principal ocorreria entre os três primeiros colocados nas pesquisas: Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB).

Para infelicidade do eleitor, Pablo Marçal acabou dando o tom do debate, transformando-o não numa disputa de projetos, mas numa interminável troca de acusações entre os presentes.

O próprio Marçal revelou que não estava ali para discutir projetos: "quem quiser projetos, que vá procurar no site do TRE (Tribunal Regional Eleitoral)", disse com a maior desfaçatez.

Fora do microfone, segundo a apresentadora, chamou Datena para a briga. O adversário desceu do púlpito e foi em sua direção, aceitando a provocação.

Mas Pablo Marçal ficou inerte e resolveu assumir o papel de vítima.

O candidato só não se tornou o principal alvo dos adversários porque teve que dividir a primazia com o prefeito Ricardo Nunes.

Boulos, Datena, Tabata e o próprio Nunes concentraram boa parte de suas críticas às ligações de Pablo Marçal com o PCC.

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Mas Boulos, Tabata e Datena também fizeram questão de acusar o prefeito de ligações com o crime organizado, ora sublinhando as denúncias de favorecimento a empresas de ônibus, ora falando de superfaturamentos na prefeitura, ou lembrando irregularidades nas concessões de cemitérios a empresas privadas.

Boulos talvez tenha tido algum lucro por não sofrer ataques significativos de Tabata e Datena. Com este último, até ensaiou uma dobradinha com uma pergunta na área de Saúde em que deu margem ao apresentador de TV para falar de seus projetos e criticar a atuação da prefeitura no setor.

No final, o que vai ficar marcado mesmo do debate são os apelidos.

Os mais fortes foram "tchutchuca" e "Pablito", que o prefeito usou para lembrar as gravações que levaram Pablo Marçal à condenação na Justiça por participar de uma quadrilha de roubo de contas bancárias.

Mas Pablo também se criou nessa área com os apelidos mais criativos. Chamou o candidato do PSOL de "Boules", em alusão à linguagem neutra usada no comício do adversário com que foi cantado o hino nacional.

Ele também chamou o prefeito de "bananinha", outro apelido que tende a pegar. E para Tabata Amaral enviou um "Chátabata".

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Em suma: o debate ficou nesse nível.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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