Thais Bilenky

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Opinião

De tragédia a farsa, a reencenação de Marçal e a 'invasão' de Boulos

A sabatina ou entrevista ou live entre Pablo Marçal (PRTB) e Guilherme Boulos (PSOL), chame-se como quiser, foi uma reencenação.

E, como segunda montagem, de tragédia passou a farsa.

Os dois estavam lá para tirar proveito, e um precisava do outro para isso. Antigos oponentes voltaram a campo e, desta vez, jogaram juntos.

Marçal queria voltar ao palco. Repetiu orgulhoso algumas vezes que centenas de milhares de pessoas assistiam ao vivo ao que ele chamou de entrevista.

Nem de longe interpretou o mesmo papel de vilão do primeiro turno, quando ainda estava no páreo. Fez mais a pinta de bom moço ao contar de maneira supostamente despretensiosa que estava em Roma para realizar o sonho do filho, "tomar sorvete na Itália". Um sonho "pequeno", considerou o pai.

Boulos, por sua vez, apareceu depois de fazer muita conta. Calculou que sairia no lucro se arrancasse de Marçal que não votaria em seu adversário, o prefeito Ricardo Nunes (MDB). O candidato do PSOL não disfarçou o sorriso discreto ao ouvir o que queria do ex ou atual coach (ele voltou a ser coach?).

O embate mais sério para Boulos aconteceu horas depois, na Globo. No esforço de reta final, em que até dormir fora de casa ele dormiu, Boulos foi preparado para atacar Nunes, sim, mas se contrapor com propostas. As pesquisas qualitativas da campanha do PSOL durante os debates mostraram irritação dos eleitores com o tiroteio entre os adversários.

Boulos conseguiu arrancar algumas frases de efeito e se esforçou em suavizar a imagem. Mas Nunes se contrapôs com a ironia de dizer que o oponente estava "invadindo" seu espaço no debate. Uma das imagens que mais prejudicam Boulos é a de invasor, decorrente de seus anos de militância no MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto).

Boulos precisava de muito para ganhar, e Nunes precisava de nada para não perder.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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