Bolsonarismo usa vídeos antigos como se fossem novos para ato deste domingo
Resumo da notícia
- Convocatórias antigas para atos pró-impeachment foram reeditadas
- Entrevista de Mario Sergio Cortella também foi editada e tirada de contexto
Nos últimos dias, redes bolsonaristas passaram a divulgar vídeos com personalidades, de cantores ao filósofo Mario Sergio Cortella, incentivando a participação nos atos a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e contra o Congresso e o STF, neste domingo (15). Parte do bolsonarismo fala em cancelar as manifestações por conta do coronavírus, mas não há consenso.
Mas os vídeos analisados pela reportagem são antigos e se valem de uma coincidência: 15 de março de 2015, também um domingo, teve manifestações — naquela época contra a então presidente Dilma Rousseff (PT).
Latino não se manifestou sobre atos de 2020
Em um dos vídeos distribuídos na rede agora, é possível ver declarações dos cantores Paulo Ricardo e Latino e dos globais Malvino Salvador, Marcelo Serrado, Márcio Garcia, Caio Castro e Thaila Ayala.
As assessorias da atriz Thaila Ayala e do cantor Latino afirmaram que os vídeos não são recentes. Também informaram que os artistas não se posicionarão sobre os atos de agora — nem positiva, nem negativamente. Os demais não quiseram comentar.
Outros detalhes revelam que o vídeo é antigo: desde o ano passado, Latino usa cabelo platinado. E no vídeo, o cabelo aparece sem tintura.
Eles criticam corrupção, falta de saúde e educação — temas que também estão na pauta de parte dos que planejam ir às ruas agora. Mas, ouvindo-se com atenção, nota-se inclusive que um deles cita a ex-presidente Dilma.
Cortella não convocou para atos
O mesmo acontece com o filósofo Mario Sergio Cortella, que surge convocando a população em outro material que circula em redes sociais e grupos de Whatsapp.
São trechos editados de uma entrevista em que ele fala sobre "ratos" que supostamente ocupam cargos políticos e estavam "começando a ser limpos". "Dia 15/03 vem pra rua!!", diz a legenda do vídeo. Mas o professor não cita a data ou a manifestação em momento algum de sua fala.
Ao UOL, o filósofo explicou que a entrevista foi dada em fevereiro de 2017, há mais de três anos, quando Michel Temer (MDB) era presidente.
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