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Ratzinger relacionou comunhão e voto em carta de 2004

29.out.2022 - Trecho é de carta enviada por Ratzinger quando ainda não havia se tornado papa - Arte/UOL Confere sobre Reprodução/Instagram
29.out.2022 - Trecho é de carta enviada por Ratzinger quando ainda não havia se tornado papa Imagem: Arte/UOL Confere sobre Reprodução/Instagram

Do UOL, em São Paulo

21/10/2022 15h35

É verdadeiro que o papa emérito Bento 16 afirmou que um católico não poderá receber a comunhão se votar em um candidato que seja a favor da eutanásia ou do aborto. O trecho é parte de uma carta privada enviada por Ratzinger a religiosos norte-americanos antes de se tornar papa e que não foi publicada como documento oficial.

O texto foi divulgado em julho, no contexto das eleições presidenciais norte-americanas, disputadas por George W. Bush (Republicanos) e John Kerry (Democratas). Na época, um grupo de bispos americanos havia anunciado publicamente que não daria comunhão ao candidato democrata com a justificativa de que ele era politicamente pró-aborto.

Para fundamentar a decisão, parte deles citou um documento de 2003 sobre a participação dos católicos na política. A divulgação da carta de Ratzinger reforçou o movimento nos Estados Unidos. Ao final, a decisão foi dar a cada bispo autonomia para decidir se permitiria ou não a comunhão de políticos pró-aborto.

As aspas citadas no post aparecem em um adendo, no fim da carta. O texto foi enviado por Ratzinger ao então arcebispo Theodore Edgar McCarrick e ao cardeal Wilton Daniel Gregory em junho de 2004, de acordo com o jornal Washington Times — eles haviam se encontrado no início do ano em Roma.

De acordo com relatório da Secretaria da Santa Sé divulgado no site oficial do Vaticano, grupos católicos acusaram o então arcebispo McCarrick de ter descaracterizado a carta particular, que não foi publicada nem pela Santa Sé, nem pela USCCB —a conferência dos bispos dos Estados Unidos.

Em tradução livre, o trecho dizia: "Um católico seria culpado de cooperação formal com o mal, e assim indigno de se apresentar para a Sagrada Comunhão, se votasse deliberadamente em um candidato justamente por causa da posição permissiva do candidato sobre o aborto e/ou a eutanásia. Quando um católico não compartilha da posição de um candidato a favor do aborto e/ou da eutanásia, mas vota nesse candidato por outros motivos, considera-se cooperação material remota, que pode ser permitida na presença de motivos proporcionais".

Além da nota ao fim do texto, a carta apresentava seis itens sobre atos que o então arcebispo Ratzinger considerava condenáveis a partir de seu ponto de vista a respeito do catolicismo.

Pouco depois da divulgação da mensagem privada, o cardeal Ratzinger escreveu uma segunda carta ao arcebispo McCarrick em 9 de julho de 2004, esclarecendo que escreveu a carta com a intenção de ajudar os bispos americanos em suas discussões.

Ratzinger se tornou papa em 2005 e renunciou ao papado em 2013, em meio a acusações de pedofilia contra o clero. McCarrick apresentou sua renúncia em 2018, quando enfrentava acusações de abuso sexual.

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Ao contrário do que informou o UOL Confere, é verdadeiro --e não falso-- que o papa emérito Bento 16 escreveu a frase compartilhada em publicações nas redes socias que relaciona voto e comunhão. A informação foi corrigida.