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Bolhas na pele não são sintoma exclusivo de nova variante da covid

15.mar.2023 - É falso que bolhas com secreção dolorosas na pele sejam sintoma de uma ?nova cepa? da covid-19 - Arte/UOL sobre Reprodução/Facebook
15.mar.2023 - É falso que bolhas com secreção dolorosas na pele sejam sintoma de uma ?nova cepa? da covid-19 Imagem: Arte/UOL sobre Reprodução/Facebook

Do UOL, em São Paulo

16/03/2023 13h07

É falso que bolhas com secreção dolorosa na pele sejam sintoma de uma "nova cepa" da covid-19, como afirma um vídeo que circula nas redes sociais. Na verdade, a covid-19 sempre pôde, desde sua primeira variante, manifestar lesões dermatológicas.

Documentos da OMS (veja aqui em inglês), do Ministério da Saúde (veja aqui) e da agência de saúde norte-americana CDC (veja aqui em inglês), além de infectologistas consultados pelo UOL Confere, confirmam a informação. Em abril de 2020, um mês depois da pandemia, um atlas de dermatologia do British Journal of Dermatology já apresentava imagens de lesões de pele provocadas pelo Sars-Cov-2 (veja aqui, em inglês).

O vídeo compartilhado no fim de fevereiro deste ano foi publicado originalmente em dezembro de 2022. Na data, a variante XBB 1.5 ainda não existia.

O que diz o post. Nas imagens, a narradora mostra partes do corpo de uma criança com bolhas na pele.

"Não acredita na nova cepa da covid?", diz a mulher. "Cuidado. Essa é a minha filha. Nessa semana todos aqui em casa positivamos para covid e essas bolhas com secreção, dolorida, são um dos sintomas que podem aparecer, coça bastante".

O vídeo, publicado originalmente no TikTok, tem 6,6 milhões de visualizações, 214,8 mil curtidas, 185,7 mil compartilhamentos e 6,213 mil comentários. Republicado no Facebook, teve 263,8 mil visualizações, 2,6 mil curtidas e 1,5 mil compartilhamentos.

A XBB 1.5 não apresenta sintomas diferentes das outras variantes. A única diferença para as demais variantes é sua maior transmissibilidade, como mostra nota informativa da OMS. No documento, não há registro de nenhum novo sintoma (veja aqui).

As lesões ocorrem "sobretudo na covid longa, sendo, na fase aguda, absolutamente incomuns", segundo o infectologista do Hospital das Clínicas Evaldo Stanislau.

A OMS cita irritações na pele como um dos sintomas menos comuns da covid. A lista inclui:

  • Dor de garganta;
  • Dor de cabeça;
  • Dor muscular;
  • Diarreia;
  • Irritação na pele ou descoloração da ponta dos dedos das mãos ou dos pé;
  • Olhos vermelhos ou irritados.

Os sintomas mais comuns, segundo a OMS, são:

  • Febre
  • Tosse
  • Fadiga
  • Perda do olfato e paladar

No site do CDC, doenças de pele não são incluídas como sintomas do novo coronavírus. A única menção à pele é que "se deve buscar atendimento médico de emergência em caso de pele, lábios ou unhas pálidas, cinzas ou azuladas".

Segundo o Ministério de Saúde, em parceria com a UFMG, as lesões de pele "guardam semelhança com lesões de outras doenças dermatológicas causadas por vírus, podendo atingir pele, unhas e mucosas e se apresentando de diferentes formas: vermelhidão (mais comum), coceira intensa , manchas, bolhas, vergões etc".

Os sintomas descritos no site do Ministério, apesar do reconhecimento dos possíveis efeitos da covid-19 na pele, são:

  • Tosse;
  • Dor de garganta;
  • Coriza;
  • Anosmia (perda total ou parcial do olfato);
  • Ageusia (perda ou diminuição do paladar);
  • Diarreia;
  • Dor abdominal;
  • Febre;
  • Calafrios;
  • Mialgia (inflamação que gera dor muscular);
  • Fadiga;
  • Cefaleia (termo técnico para dor de cabeça).

Bolhas que aparecem no vídeo viral podem ter outras causas. A infectologista do Hospital das Clínicas Raquel Stucch afirma que as lesões também podem ser provenientes de:

  • Síndrome Mão-Pé-Boca, doença frequente em crianças, causada pelo vírus Coxsackie (veja aqui);
  • Outros quadros virais;
  • Reação de hipersensibilidade a medicação (alergia).

Os supostos sintomas da nova variante apontados no vídeo também não foram noticiados em nenhum veículo midiático com credibilidade —o UOL Confere buscou referências em Folha, Estadão, O Globo, g1, Metrópoles.

Sugestões de checagens podem ser enviadas para o WhatsApp (11) 97684-6049 ou para o email uolconfere@uol.com.br.

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